1º Salão Arte em Vidro do Brasil

Artistas de Campinas expõem obras de vidro em Curitiba

Em comemoração ao Ano Internacional do Vidro, 80 artistas vidreiros de várias regiões do Brasil participam da primeira mostra nacional

Cibele Vieira
18/06/2022 às 10:31.
Atualizado em 18/06/2022 às 10:31
Vera Orsini e as peças em vidro que produz em seu ateliê, onde também ensina a técnica (Divulgação)

Vera Orsini e as peças em vidro que produz em seu ateliê, onde também ensina a técnica (Divulgação)

O 1º Salão Arte em Vidro do Brasil começa na terça-feira, 21, em Curitiba, PR, e terá duas artistas vidreiras de Campinas expondo suas obras. Vera Orsini, que começou a trabalhar com vidro nos anos 1980 e é professora desta técnica, participa na categoria de Joalheria Contemporânea, e Vânia Marques - que foi aluna de Vera - na categoria Design. Esta é a única mostra do País que se integra aos eventos oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) para as comemorações do Ano Internacional do Vidro. A ideia de instituir um ano comemorativo, segundo informações da ONU, tem o objetivo de enfatizar a importância sustentável, cultural e econômica do vidro, o material mais puro e o único 100% reciclável que existe. 

No primeiro salão nacional serão expostas 100 obras de 80 artistas de vários estados brasileiros, todas selecionadas por meio de edital nacional nas categorias Joalheria Contemporânea, Design, Mosaico em Vidro e Vitral. “A seleção das obras inscritas foi feita por uma comissão formada por especialistas do Brasil, México e Argentina, que escolheram peças decorativas, mosaicos, vitrais e joias contemporâneas, todas com produções artísticas com nível técnico compatível com obras realizadas em países da Europa e Estados Unidos”, informaram os organizadores. 

Vera conta que optou por participar da exposição com joias em função da forma de envio. “Como tinha que enviar as peças selecionadas por Correio, optei pelas joias porque elas são menores e correm menos risco de quebrar”, explica. As cinco peças selecionadas são feitas em prata e fusing em vidro. Já Vânia Marques enviou duas obras na categoria Design, feitas com vidros importados (Spectrum/OceanSide) e moldados em alta temperatura (de 675 a 800 graus). 

Pioneirismo em Campinas

Vera Orsini é umas das pioneiras no trabalho artístico com vidro em Campinas. “No Brasil, esse é um trabalho complicado porque é uma arte pouco valorizada, ao contrário de países na Europa”, conta Vera. Há mais de 30 anos trabalhando com vidro – na arquitetura, com arte e nas joias – ela conta que quando começou era difícil conseguir esmalte para vidro no Brasil, por isso aprendeu a fabricar o seu, para introduzir a cor entre os vidros.

Depois de muita pesquisa, estudo e prática com as técnicas e materiais, Vera passou a dar aulas em seu ateliê. Segundo ela, é a única professora desta técnica na cidade. Sua matéria-prima vem de vidros de janelas em diferentes espessuras e de alguns tipos de garrafas. Desse material, ela faz joias, objetos de decoração e utensílios como porta-aperitivos e tábuas de frios. Ela conta que incentiva suas alunas a usarem muitas garrafas como forma de reaproveitamento, já que o material é reciclável. E comenta que no Brasil se conhece e valoriza bem o vitral, que já caiu em desuso, mas outros trabalhos artísticos com esse material ainda são pouco difundidos. 

Para produzir uma obra, a artista precisa cortar o vidro com uma caneta de ponta diamantada no tamanho escolhido. Na técnica do fusion, é preciso esmaltar o vidro, colocar outro por cima como um sanduiche e ajustar no molde (que pode ser de gesso, cerâmica, fibra cerâmica, aço inox e até porcelana) para então levar ao forno próprio, em temperatura de cerca de 800 graus. O calor amolece o vidro e o molda na forma. “Essa queima demora em média quatro horas, mas para retirar a peça é preciso esperar esfriar totalmente – a zero grau, o que pode demorar cerca de três dias”, conta a vidreira. 

Esta não é a primeira exposição do trabalho de vidro de Vera. Ela já participou com obras maiores em uma feira em Montevidéu (quando teve duas peças danificadas durante o transporte) e está inscrita para a Primeira Bienal Internacional de Arte em Vidro de Iberoamerica (BIAVI 2022), que será realizada no Museu de Cartago, na Costa Rica, de 28 de agosto a 23 de outubro. 

O Salão Nacional de Arte em Vidro acontece de 21 de junho a 24 de julho na Sala Cecilia Neves Lazzarotto, do Museu Municipal de Arte (MuMA), na capital paranaense. A entrada á franca. 

Para conhecer o trabalho das artistas que representam Campinas nesta mostra, acesse seus perfis pelo Instagram: @versaorsini e @invitro_vania_marques

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