ARTE

Artista de Campinas expõe obra na Copa das Conferações

Peça, de 3,3 metros de altura por 4,7 de largura, vai para o Rio, durante a Copa das Confederações

Delma Medeiros
13/06/2013 às 05:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 12:22

Metais em movimento. Assim pode ser descrito o trabalho do artista plástico Zê Vasconcellos, com suas enormes esculturas feitas com solda de metais e que dão a impressão de se moverem.

"O metal é duro, mas a sensação é que as peças se movem", afirma o artista. Acostumado a produzir principalmente cavalos, na peça mais recente, em fase de acabamento, ele manteve seu animal preferido, mas incrementou criando a mística figura de São Jorge em sua luta contra o dragão.

A peça, de 3,3 metros de altura por 4,7 de largura, será levada para o Rio de Janeiro durante a Copa das Confederações. "São Jorge fala muito aos cariocas. Então pensei em aproveitar a movimentação no Rio de Janeiro por conta da Copa das Confederações para mostrar meu trabalho e ao mesmo tempo fazer uma homenagem à cidade sede", diz Vasconcellos.

Como costuma fazer com suas peças, a maioria de grandes proporções, ele vai colocar a mais recente numa carreta e levar para vários locais, numa espécie de exposição itinerante.

"Guardo as peças no ateliê-oficina, um local não muito apropriado para visitas. E como são grandes e pesadas, exposições fixas são complicadas. Então tive a ideia de circular com as obras na carreta. Paro nos locais e deixo expostas. Tem funcionado. Já vendi muita coisa dessa forma", afirma Vasconcellos.

Ele conta que uma vez, estava em Buenos Aires e teve a carteira furtada, mas seu trabalho resolveu o problema. "Perdi dinheiro, cartão de crédito. Então expus uma peça - uma flor - no saguão do hotel e não demorou para surgir um interessado. Vendi a peça e salvei minha viagem."

O artista explica que alimenta a ideia de fazer o santo guerreiro há uns 4 anos, desde que um espanhol o contatou por telefone questionando se faria o santo. "Na época não virou, mas fiquei com aquela ideia. Continuei produzindo principalmente cavalos e no final do ano senti que era o momento do São Jorge." 

O conjunto composto por duas peças (o santo a cavalo e o dragão ) pesa entre 700 e 800 quilos, segundo os cálculos do artista.

Vasconcellos já tem uma estrutura pré-montada, baseada nos ossos dos cavalos, que forma uma espécie de esqueleto das peças. "Depois coloco a musculatura, dou as formas soldando os metais conforme a inspiração. No caso do dragão, me baseei em imagens que pesquisei na internet, mas por ser uma figura mítica, tive muita liberdade de criação."

No processo entra todo tipo de metal reciclado, que ele garimpa em sucateiros. "Gosto de usar coisas que são reconhecidas pelas pessoas como coroas de motos, catracas de bicicleta, tubos de serpentina, moedas antigas, correias industriais, ferraduras, parafusos, restos de chapas de metal."

Segundo ele, encontrar rodelas de metal de vários tamanhos, para montar as escamas do dragão, foi uma das partes mais trabalhosas do processo.

Foram em torno de sete meses de trabalho para a conclusão da obra, que será apresentada à imprensa nesta quinta-feira (13), numa vernissage em seu ateliê na Vila Industrial, em Campinas.

Exposição

A escultura São Jorge e o dragão fica no Rio de 19 de junho a 1º de Julho, durante a realização da Copa das Confederações, que começa neste sábado (15). A ideia, segundo Vasconcellos é circular com ela por Xerém, terra de Zeca Pagodinho, um devoto declarado do santo guerreiro; pela Barra da Tijuca e nas proximidades do Maracanã.

"A peça fica na carreta, nas proximidades dos estádios e locais de grande movimento", diz o artista, acrescentando que viaja "na loucura mesmo."

Ele admite que a presença da imprensa internacional no evento é um de seus incentivos. "É uma forma de divulgar meu trabalho em âmbito internacional."

Do mínimo ao máximo

Zê Vasconcellos começou sua carreira de artista plástico fazendo micro-esculturas em giz, atividade que desenvolveu por muito tempo vendendo as peças na feira de artesanato do Centro de Convivência Cultural.

Entre 2005 e 2006 foi com suas pecinhas tentar a vida em Paris, onde ficou por quase dois anos. O período colaborou para definir seu nome artístico. "Era Zé, mas na França, o acento agudo tem som fechado. Para me chamarem de Zé, adotei o acento circunflexo, que lá tem o som aberto. Quando voltei, optei por manter o circunflexo."

De volta ao Brasil ele passou a trabalhar também com argila e depois deu uma guinada radical, investindo em grandes esculturas de metal com solda.

"Comecei a fazer peças grandes, usando material reciclado e muito parafuso", diz ele. "Fui do muito pequeno ao muito grande, do material mais frágil ao mais duro."

A primeira venda surgiu de uma exposição móvel que ele fez perto do Centro de Convivência Cultural. "Estava no City Bar e uma mulher, que era diretora do Clube Hípica, viu minha peça - um cavalo - e me convidou para expor no clube. De lá surgiram convites para setores de hipismo em São Paulo, Ribeirão Preto e outros locais", conta.

Ele recebe encomendas de haras, clubes de hipismo e cidades, entre outros. Mas não informa os preços das peças. Com a obra mais recente, sua expectativa é que fique mesmo no Rio de Janeiro, ou seja adquirida por algum empresário e dada de presente ao Corinthians. "Seria um ótimo presente para o novo estádio do time."

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