LITERATURA

Apesar da tecnologia, sebos sobrevivem e mantêm charme

Lojas de livros usados abrigam obras raras, em boa qualidade e, o melhor, com um bom preço

Fábio Trindade
20/09/2013 às 21:33.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:19
Liliane Menegale, proprietária do sebo Andorinha, localizado na Rua Irmã Serafina: 30 mil livros na loja e outros 30 mil guardados em casa  ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

Liliane Menegale, proprietária do sebo Andorinha, localizado na Rua Irmã Serafina: 30 mil livros na loja e outros 30 mil guardados em casa ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

Milhares de pessoas circulam pelo Centro de Campinas diariamente. Poucas, porém, conhecem os “tesouros” que estão escondidos em algumas esquinas da região. Em tempos de tablets, smartphones, e-readers e horas de navegação na internet, os tradicionais sebos e seus muitos livros velhos e usados se tornaram obsoletos para a correria do dia a dia. Será? Puro engano. Afinal, onde mais é possível encontrar obras raras, em boa qualidade e, o melhor, com um bom preço? Ainda não inventaram uma opção tão boa quanto essa. Tanto que esse tipo de estabelecimento foi parar na própria internet, os chamados sebos virtuais. Mas nem eles conseguem apagar o brilho de um garimpo em corredores com montanhas de livros amarelados e empoeirados que, certamente, escondem relíquias impressionantes.O Centro, na contramão dessa sociedade tão tecnológica de agora, ainda está repleto de sebos. E eles dificilmente vão desaparecer, por mais que alguns acreditem nisso. Ao contrário, basta entrar em qualquer um deles para ver que esse mercado “ultrapassado” vai muito bem, obrigado, e cresce a cada ano. Os motivos são muitos, mas o principal, apontado por quem realmente entende do assunto — os proprietários —, além do preço atrativo, é surpreendente: os jovens estão lendo mais.“E são jovens que têm acesso à internet e tudo mais. Mesmo assim, eles querem os livros, gostam de guardá-los, de virar página por página. Gostam de colecionar. O apreço por livros não vai desaparecer, é algo que você gosta ou não, e muita gente ainda não fica sem um bom e velho livro. Tanto que eu recebo jovens que até já leram a obra de alguma forma, pelo computador, por exemplo, mas que procuram o livro físico apenas pelo sentimento de ter”, explica Liliane Menegale, do charmoso sebo Andorinha, localizado na Rua Irmã Serafina.A proprietária sempre foi rata de sebo, como gosta de dizer, e essa paixão foi o que a levou para esse mercado. “O antigo dono vendeu para um homem que já tinha um outro sebo, bem grande. E ele acabou achando exagero manter dois e quis se desfazer do menor. Me interessei e comprei. E lá se vão quase dez anos com o Andorinha”, diz.Acervo Apesar do espaço físico ser pequeno, Liliane conta com um acervo de quase 30 mil livros. “Tenho a mesma quantidade de livros expostos na loja na minha casa, porque não consigo deixar aqui. Tanto que tenho várias pilhas espalhadas aqui pelo chão mesmo. Estou tentando arrumar, mas não me preocupo muito com isso. Quem gosta de livro, de sebo, não se importa em sentar no chão para procurar títulos bacanas. Eu já fiz muito isso. No Rio (de Janeiro, de onde ela é), isso sempre foi muito comum e me acostumei. Só quem vem buscar um título específico quer o livro na mão na hora. Ainda bem que sei onde praticamente está tudo”, brinca a proprietária.

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