Antônio Xerxenesky e Rita Carelli foram vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2022

O Prêmio São Paulo de Literatura 2022 anunciou no fim de semana quem são os dois autores vencedores desta 15ª edição. O premiado na categoria de Melhor Romance do Ano de 2021 é o escritor e tradutor Antônio Xerxenesky com "Uma tristeza profunda", do Grupo Cia. das Letras/Ed. Schwarcz, enquanto Rita Carelli levou como Melhor Romance de Estreia do Ano de 2021 com o livro "Terrapreta", da Editora 34. Os resultados foram anunciados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e cada um dos ganhadores receberá R$ 200 mil.

A premiação foi criada em 2008 com o objetivo de estimular a produção literária de qualidade, valorizando o setor e atuando na formação de leitores e escritores, para reconhecer grandes nomes da literatura e também novos talentos. Para esta 15ª edição foram 317 livros inscritos de diversas regiões do Brasil e do também do exterior, como Estados Unidos, Reino Unido, Portugal e Itália.

Melhor Romance de 2021

Antônio Xerxenesky nasceu em Porto Alegre, RS, mas radicouse em São Paulo. Para o autor, a premiação "é um imenso reconhecimento para escritores e escritoras brasileiros que se arriscam a fazer uma literatura que foge de normas do realismo padrão". Em seu quarto romance, "Uma tristeza profunda", o escritor situa a trama na Suíça de 1952, mas garante que ela conversa com o Brasil atual. "Fiz uma reconstrução da Suíça do pós-guerra para, por mais absurdo que pareça, tratar de questões muito presentes para os brasileiros. É um livro sobre saúde mental, epidemia de depressão e ansiedade e a maneira como questões coletivas e históricas interferem no nosso psicológico", revela. Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP, ele também é autor dos títulos “Areia nos Dentes” (2008), "F." (2014) e "As perguntas" (2017) e teve sua obra traduzida para o francês, o italiano, o espanhol e o árabe.

Melhor Romance de Estreia de 2021

A paulistana Rita Carelli, além de escritora, é ilustradora, atriz, diretora de cinema e de teatro. Em seu primeiro romance "Terrapreta", a autora apresenta a história ficcional de Ana, adolescente que se muda com o pai arqueólogo para uma aldeia indígena do Alto Xingu, onde inicia uma jornada de autoconhecimento. "Eu tive a sorte, o prazer e a oportunidade de circular em muitas comunidades indígenas desde a minha infância. Minha mãe é antropóloga e meu pai é indigenista e cineasta que trabalha com questões indígenas. O livro nasceu sobre a minha reflexão de que nós, não indígenas, somos órfãos de rituais. Trago essa jovem que está fazendo a passagem da adolescência para a vida adulta e vê diante de si uma sociedade que tem esses ritos muito mais marcados e de uma forma coletiva", explica ela, que celebra o fato de que a sociedade brasileira tem se interessado mais pelas questões indígenas. "Quando eu era jovem e tentava compartilhar com amigos minhas vivências, sentia que havia um fosso quase intransponível. Mas as coisas estão mudando e o reconhecimento do prêmio vem de encontro com esse crescente interesse sobre os vários universos indígenas que existem em nosso País", conclui.

Outros finalistas ao prêmio

Antônio concorreu com outros nove escritores na categoria Melhor Romance do Ano de 2021: Aline Bei, com o livro "Pequena coreografia do adeus" (Editora Schwarcz); Andréa Del Fuego, com "A Pediatra" (Editora Schwarcz); Fernando Bonassi, com "Degeneração" (Record); Mariana Salomão Carrara, com "É sempre a hora da nossa morte amém" (Nós); Micheliny Verunschk, com "O som do rugido da onça" (Editora Schwarcz); Natalia Borges Polesso, com "A extinção das abelhas" (Editora Schwarcz); Noemi Jaffe, com "Lili" (Editora Schwarcz); Silviano Santiago, "Menino sem passado" (Editora Schwarcz) e Tatiana Salem Levy, com "Vista chinesa" (Todavia).

Os outros finalistas na categoria Melhor Romance de Estreia do Ano de 2021, vencida por Rita, foram: Ana Kiffer e Marie-Aude Alia, com "O canto dela" (Editora Patuá); Fabiane Guimarães, com "Apague a luz se for chorar" (Editora Schwarcz); Fábio Horácio-Castro, com "O réptil melancólico" (Editora Record); Lilian Sais, com "O funeral da baleia" (Editora Patuá); Natália Zuccala, com "Cheia" (Editora Urutau); Roger Rocha, com "Ouro de Moscou" (Editora Urutau); Stênio Gardel, com "A palavra que resta" (Editora Schwarcz); Taiasmin Ohnmacht, com "Vozes de retratos íntimos" (Livraria e Editora Taverna); Thiago Souza de Souza, com "Jamais serei seu filho e você sempre será meu pai" (Livraria e Editora Taverna).