CADERNINHO C

Animal especial pede um dono também muito especial

Adotar bichos com deficiência é um ato que pede muito amor e dedicação dos donos

Delma Medeiros
18/05/2013 às 09:02.
Atualizado em 25/04/2022 às 15:33
Marizete com Teteia: posse consciente é o melhor caminho (Divulgação)

Marizete com Teteia: posse consciente é o melhor caminho (Divulgação)

“Animais especiais pedem um dono igualmente especial.” Assim a arquiteta Regina Valverde, do Grupo de Apoio aos Animais Abandonados de Campinas (Gavaa-Cps), define pessoas que se dispõem a adotar um animal com alguma deficiência física ou comportamental. “Desenvolvemos este trabalho há 11 anos e até agora apenas uma pessoa se dispôs a adotar um animal especial. Conseguir a adoção dos animais adultos já é difícil. Se tiver algum problema então, é quase impossível”, diz Regina.

O Gavaa atualmente cuida de quatro animais paraplégicos (sem controle das patas traseiras): Fininho e Fênix, que tiveram cinomose; e Bella e Branca, que foram atropeladas. “Algumas ajudas chegam. Uma pessoa se dispôs a doar cadeirinhas para os animais se locomoverem mais facilmente, mas adoção mesmo é raro.”

Há três anos, a vendedora Marcia Zanardi adotou Cindy, cachorrinha que foi atropelada e tem incontinência (não consegue segurar o xixi e o cocô), e por isso usa fraldas. Regina conta que ela foi adotada duas vezes antes de encontrar um lar definitivo. “Ela sofreu tanto que, apesar de muito dócil, era triste e levou meses para perceber que realmente tinha uma casa”, diz Márcia. Cindy ficou mais feliz depois que a dona ganhou um companheiro, o cão Orelha.

As veterinárias Viviane Rossini e Marizete Hanada concordam que a adoção em casos especiais é muito difícil. Elas cuidam de cerca de 40 cães, muitos com deficiências. Os dois xodós são Teteia e Tuti, vítimas de maus tratos e paraplégicas. “Digo que quando quero mostrar a alguém o sentido da vida, o apresento a Teteia, a cachorra mais feliz do mundo”, afirma Viviane. A cachorrinha foi atropelada e perdeu as patas traseiras. “Ela não para, se arrasta pra todo lado, brinca, lambe seu rosto, pega a bolinha pra brincar”, conta Viviane. Tuti não perdeu as pernas, mas ficou paraplégica por levar uma pancada nas costas. “As pessoas precisam de conscientizar do bem que os animais nos fazem. A posse consciente é o melhor caminho para romper essa cadeia de violência contra os animais”, resume Regina.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por