Cantora realiza segunda incursão na poesia com Fotos do Espelho, cujo lançamento é nesta segunda
Autora explora temas como cozinha, família e comida no livro Fotos no Espelho (Janaína Maciel/AAN)
A cantora Ana Salvagni, radicada em Campinas há 25 anos, mergulhou no próprio sentimento, recuperando memórias remotas e lembranças recentes, para voltar um olhar sobre si mesma. Transformou sua introspecção em 30 poemas que estão reunidos no livro Fotos do Espelho (Edição do Autor, 72 págs., R$ 25,00), cujo lançamento ocorre nesta segunda-feira (5), no Almanaque Café, em Barão Geraldo.Mais do que sessão de autógrafos, o lançamento vai ser um “encontro de amigos” com a presença do violeiro e compositor Paulo Freire, marido de Ana e anfitrião do palco na noite, com participações de Dalga Larrondo, o craviolista Stenio Mendes, a dançarina Valéria Franco, o trio vocal Trappistas e Caco Piccoli.Despreocupada com métrica, Ana explora temas como família, cozinha, comida — o que remete à influência de Adélia Prado, como a própria autora diz — com uma linguagem “chicobuarqueana”, ou seja, explorando a visão feminina, marca registrada das composições de Chico Buarque. A cantora/poeta Também procura usar o mínimo de pontuação. “Deixa mais aberto para o leitor, sem definir as cadências e pausas. Cada um vai dar o seu ritmo”, diz ela, durante entrevista ao Caderno C em sua casa. “Mergulhei no espelho”, completa.Como afirma o poeta e linguista Carlos Vogt no texto de apresentação do livro, “a poesia de Ana Salvagni tem a singeleza e a simplicidade das cenas familiares em que pessoas, animais, objetos, casa e paisagem estão lá porque estiveram antes e vão estar depois”. Para ele, “tem também, com essa descrição posta em sossego, as dobraduras da pergunta para se saber por que as coisas simples, sendo assim tão simples, doem tanto para se entender."Fotos do Espelho é o segundo livro de poesia da artista. A primeira, Janela sem Tranca, foi publicada em 2006 pela Editora Komedi. O livro ganhou texto de apresentação do músico e poeta Chico César. A primeira poesia nasceu ainda na adolescência. “Sempre gostei de escrever, mas não faço muito. Não é a minha área exatamente. Estou me arriscando”, afirma ela, que anda com um caderninho sempre em mãos para registrar inspirações.Como cantora, ela atua ao lado do marido Paulo Freire e no espetáculo Sinhô Luiz, sobre o repertório de Sinhô e Luiz Tatit, com o pianista Henrique Eisenmann, e ainda no show Canção do Amor Distante, com Eduardo Lobo e Maria Beraldo Bastos. Têm três CDs lançados, sendo que o mais recente, Alma Cabocla, sobre a obra do compositor Hekel Tavares, ganhou patrocínio da Petrobras e recebeu o prêmio de Melhor Álbum Regional pelo 21 Prêmio da Música Brasileira, em 2010.