rede de mobilização

Amplia demanda por cultura no Campo Grande

Uma mobilização por mais projetos de fomento à cultura é justificada pela enorme procura por cursos no Instituto Anelo, que ofereceu 215 novas vagas e recebeu 1.685 inscrições

Cibele Vieira/ [email protected]
11/02/2024 às 13:21.
Atualizado em 11/02/2024 às 13:21
Luccas Soares, coordenador geral do Instituto Anelo, busca recursos e parcerias para viabilizar novas iniciativas e projetos voltados ao ensino da música na região do Campo Grande (Jackie Goulart)

Luccas Soares, coordenador geral do Instituto Anelo, busca recursos e parcerias para viabilizar novas iniciativas e projetos voltados ao ensino da música na região do Campo Grande (Jackie Goulart)

A procura é grande, a oferta é pequena. Por isso, criar uma rede de mobilização para ampliar iniciativas de fomento em prol da cultura no distrito do Campo Grande vem sendo defendida pelos coordenadores do Instituto Anelo. A proposta é justificada pelo grande interesse identificado pela entidade, que ofereceu 215 novas vagas para o ano de 2024, mas recebeu 1.685 inscrições em apenas quatro dias. "Essa procura que vem crescendo a cada ano nos propõe desafios e amplia nossa responsabilidade, mas também sugere que existe uma grande demanda por acesso ao ensino de música em nossa cidade, em especial nos bairros da periferia", pondera Luccas Soares, coordenador geral do Instituto Anelo. A entidade é uma associação civil sem fins lucrativos que, desde 2000, oferece aulas gratuitas de música no Jardim Florence, bairro do distrito do Campo Grande (região Noroeste de Campinas).

Nas últimas duas décadas, o Instituto Anelo já beneficiou mais de 10 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos. Entre 2021 e 2024, a entidade registou um aumento de 475% na procura por novas vagas. “Iniciamos nosso ano propondo um trabalho de mobilização comunitária e em rede para buscar recursos e parcerias a fim de viabilizar novas iniciativas e projetos, inclusive, seria uma honra receber aqui na região projetos como o Primeira Nota (que é municipal) e o Projeto Guri (uma iniciativa estadual), que são duas grandes referências para nós, em termos de ensino de música e fomento de cultura para populações vulneráveis", aponta Soares.

Para ele, o que as pessoas querem quando se inscrevem no Anelo é uma coisa muito simples: pertencer, sociabilizar, aprimorar e descobrir habilidades e talentos. “Isto não deveria ser negado a ninguém, e dizer não principalmente às crianças que ficam de fora, é muito triste", salienta. Guilherme Weiss, responsável pela Coordenadoria de Cidadania Cultural na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, revela que está em negociação com escolas públicas e entidades na tentativa de ampliar as aulas de música (inicialmente de violão) na região. Ele comenta que “em uma cidade do porte de Campinas é difícil atender todos que procuram, mas sabemos da importância da música, arte e cultura na formação de crianças e jovens, principalmente nas áreas periféricas.

Ele diz que há uma dependência de músicos profissionais que se interessem em se inscrever nos editais para atuar no distrito, mas adianta que já está em conversações com a Casa de Cultura Andorinhas (no Bosque do DIC I), a Casa de Cultura Itajaí e o CEU Mestre Alceu para que as aulas de música passem a ser oferecidas nos três períodos e para todas as faixas etárias. “Estou otimista que até o meio do ano poderemos anunciar mais vagas na região”, revela.

Emilayne Mayara dos Santos, mãe de dois filhos (uma com 14 e outro com 9 anos de idade), acredita que o ensino de música é essencial e necessário para o desenvolvimento. Ela conta que tentou algumas vezes inscrevê-los no Anelo, sem sucesso. Depois de algumas tentativas, o mais novo conseguiu uma vaga. Compreendemos a grande demanda, mas gostaria muito que minha filha também tivesse essa oportunidade", aponta.

Para o aluno de violino Carlos Antônio da Silva, a espera para conseguir uma vaga no Anelo foi de quatro anos. "Esperei por quatro anos e agora faço aulas há dois anos. Esperar é muito decepcionante. Eu, que já tinha o meu violino em casa, ficava frustrado. Então, eu acho que se tivesse mais lugares onde a gente pudesse estudar, principalmente aqui na região que a gente mora, onde há poucas atividades culturais, seria melhor para todo mundo", comenta.

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