O termo não é novidade no mundo cinema, alguns filmes já retratam essa realidade
Agora em 2022, no mundo real, o metaverso está cada vez mais próximo da nossa realidade (Divulgação)
O termo "metaverso" na cultura não é recente. Em 1992, há exatos 30 anos, o escritor Neil Stephenson cunhou "metaverso" em seu romance de ficção científica "Snow Crash" (no Brasil, o livro ganhou o título de "Nevasca"), que prevê um sucessor para a internet que seria baseado em realidade virtual. Na história, as pessoas criam avatares digitais de si mesmas para explorar o mundo online e fugir de sua própria realidade distópica. O protagonista, um entregador de pizza no mundo real, se transforma em um príncipe guerreiro na versão alternativa.
Agora em 2022, no mundo real, o metaverso está cada vez mais próximo da nossa realidade. É o que promete Mark Zuckerberg - empresário dono do Facebook, WhatsApp e Instagram - que está financiando a criação desse ambiente virtual acessível e que permitirá uma imersão digital como nunca antes vista. O metaverso pode mudar completamente o nosso dia a dia, inclusive nossa relação com a cultura.
Já está acontecendo
De acordo com Eliane El Badouy, especialista em economia criativa e professora da Unità Faculdade, os videogames, com tecnologia e gráficos cada vez mais impressionantes, são alguns dos principais responsáveis por trazer o conceito do metaverso para o nosso dia a dia. "A imersão provocada pelos jogos recentes nos aproxima dessa ideia de ambiente virtual", diz. Ela relembra que em agosto de 2021, o mais famoso jogo de batalhas online, o Fortnite, se tornou palco para um show em ambiente virtual da cantora Ariana Grande, que fez espetáculo para os jogadores a partir do seu próprio avatar. O jogo alcançou cerca de 350 milhões de usuários ao redor do mundo.
O mundo da música segue de olho no espaço virtual. Em fevereiro deste ano, como um dos eventos do Super Bowl, aconteceu um show da banda Foo Fighters dentro de um ambiente do metaverso do Meta Quest 2, criação de Zuckerberg. A apresentação foi marcada por problemas técnicos e instruções confusas para os usuários que queriam assisti-la, mas certamente a plataforma deve aprender com os erros para o que está sendo preparado para o futuro. Segundo o próprio dono do Facebook, "o metaverso não será desenvolvido da noite para o dia. Muitos dos produtos se tornarão realidade nos próximos 10 a 15 anos".
Cultura para todos
Uma das possibilidades do metaverso é permitir o acesso das pessoas a quaisquer museus no mundo, afinal eles poderiam ser acessados virtualmente, com gráficos de alta qualidade emulando a experiência real, por qualquer pessoa no mundo. "Nós já temos obras de arte em realidades virtuais dentro e fora de museus", diz Eliane, que explica que as experiências recentes de exposições multimídias têm nos preparado para essa nova realidade. "É o que vimos recentemente com artistas como Van Gogh e Da Vinci. Para a experiência de imersão nas obras serem completas, são necessários dispositivos de projeção e iluminação", explica. Ela ressalta ainda que, para o metaverso existir plenamente em nosso dia a dia, é preciso uma combinação de realidade aumentada com o ambiente virtual: para acessar isso, serão necessários óculos especiais que nos permitirão imergir completamente no ambiente virtual. Alguns filmes retratam esse tipo de dispositivo, como é o caso de "Jogador nº 1", de Steven Spielberg.
Obras de arte exclusivas em NFT
Se tudo tem se tornado virtual, as obras de arte também seguem esse caminho. No mês passado, o campeonato Paulistão de futebol comercializou todos os gols de uma partida entre Palmeiras e Corinthians em tokens não fungíveis, os NFTs. Quem compra, adquire não só um vídeo da jogada, mas também uma animação em formato 3D. A certificação NFT torna o material exclusivo e não replicável. O Paulistão também comercializou gols históricos. Retratados como gravuras do artista Pedro Nuin, eles foram adquiridos a partir de um leilão e chegam para o comprador em formato virtual, como NFT, e também na versão física, com um quadro.
Três filmes para entender o metaverso
Tron (disponível na Disney+)
Clássico lançado em 1982, foi um dos precursores da temática no cinema. Um programador é sugado para dentro de um universo virtual controlado por uma misteriosa figura maléfica e precisa lutar por sua sobrevivência.
Jogador nº 1 (disponível na HBO Max)
Dirigido por Steven Spielberg, o filme de 2018 mostra um mundo no qual as pessoas acessam o ambiente virtual com seus avatares estilizados para jogar, estudar e ganhar dinheiro - assim fogem da terrível realidade distópica.
Belle (disponível para aluguel no YouTube)
A animação japonesa do conceituado diretor Mamoru Hosoda, de 2021, traz um universo virtual no qual a protagonista, a introspectiva Suzu, pode se tornar uma cantora famosa e adorada sob a face de sua avatar anônima, a estonteante Belle.