Festival com dois dias de programação intensa e gratuita, envolvendo todas as vertentes do hip-hop, acontece neste final de semana em Campinas, na Estação Cultura
Mais de 20 atrações vão se apresentar amanhã e domingo, a partir das 14h, na Estação Cultura, numa programação que inclui ícones do rap nacional e talentos locais (Divulgação)
O movimento hip-hop em Campinas tem muito a comemorar. Ontem (dia 12), foi divulgada a lei que restaura o Conselho Municipal de Hip-Hop na cidade e anunciada a programação do Campinas Hip-Hop Festival, que acontece neste final de semana na Estação Cultura. Os dois acontecimentos estão interligados, pois enquanto o Festival se firma como uma conquista do movimento, a legislação reconhece sua importância e potencializa sua dimensão histórica e cultural na cidade.
Os dois anúncios foram feitos durante entrevista coletiva em que participaram várias vertentes do movimento da cidade, representantes do poder público local e estadual. O prefeito Dário Saadi reconheceu o valor do movimento, ressaltando a importância de formalizar — por meio do Conselho reestruturado — um espaço de discussão, com ampla participação e fortalecimento.
Gabriela Fontana, da Associação Paulista dos Amigos da Arte (entidade parceira do governo paulista), declarou que Campinas está dando exemplo para outras cidades.
O DJ Gregory, curador do Festival, anunciou mais de 20 atrações que acontecem no sábado e domingo — a partir das 14h na Estação Cultura —, incluindo ícones do rap nacional e talentos locais. O "Campinas Hip-Hop Festival" é considerado um dos maiores eventos do gênero musical na região, está em sua 11ª edição e no ano passado contou com a participação de cerca de 10 mil pessoas. É acessível para todas as idades e tem a solicitação, como entrada solidária, da doação de 1kg de alimento não perecível por pessoa. Toda arrecadação será revertida para a Central Única das Favelas (Cufa) de Campinas.
UM FESTIVAL DE PESO
Criado em 2014 pelos visionários Henry Paulino e Gregory, o Festival nasceu da luta pela ampliação do espaço para o Hip-Hop em Campinas, promovendo interações entre artistas consagrados e novos talentos. O curador Gregory ressalta que, "além de impulsionar carreiras, o evento é um ponto de encontro para fãs e um palco de resistência cultural".
São mais de 20 atrações, mas o horário de cada apresentação não foi divulgado pela organização para que as pessoas possam comparecer entre 14h e 21h30 para apreciar o Festival por inteiro e não somente um ou outro artista.
Amanhã, sábado (dia 14) se apresentam os artistas: Djonga, Tasha & Tracie, MC Luanna, Coruja BC1, Ndee Naldinho, DMN, Império ZO, QualqPonta, Vitor Sky, Vini Seven, Gomez, Joana Black, DJ Brutt, DJ Look, DJ Ments, DJ Suelya. No domigo (dia 15) sobem ao palco da Estação Cultura Rael, Duquesa, Kyan, Dexter, Kayin, Tchelo, Sombra SNJ, Malakai, Jords MC, Cauãzin, Couto, Nega Doce e DJ Binho.
A realização é da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, com produção da Don Dada Produções e gestão da Associação Paulista dos Amigos da Arte.
EXPOSIÇÃO DE GRAFITTI
O projeto "Camp Crew" participará do evento com uma exposição de telas que serão grafitadas ao vivo durante o evento por dez artistas. Eles farão as telas com base nos critérios de diversidade de gênero, participação anterior e engajamento no Movimento HipHop. O projeto procura democratizar o acesso às artes urbanas, sobretudo o grafite, por meio de oficinas artísticas voltadas aos adolescentes e jovens de Campinas, principalmente das regiões periféricas, além de realizar intervenções urbanas para revitalizar espaços públicos. Participam da exposição os artistas Nus, Miojo, Everaldo, Aldinho, Junior, Bobis, Noel, Kssvisão, Fran e Punka.
UM CONSELHO NECESSÁRIO
A lei n˚ 16.675, sancionada em 6 de dezembro, reformula o Conselho Municipal de Hip-Hop, o mais antigo do País, criado em 2004, e que ganha agora nova composição e funções. Será um conselho deliberativo, "com o objetivo de promover, apoiar, difundir, deliberar, potencializar e preservar a dimensão histórica do movimento cultural hip-hop na cidade", diz o texto da lei.
Sua constituição será de 28 membros, entre titulares e suplentes, incluindo representantes do poder público local — das Secretarias de Cultura e Turismo; de Esportes e Lazer; da Educação; de Desenvolvimento e Assistência Social; e gabinete do prefeito — e do Movimento Hip-Hop, abrangendo todos os elementos do movimento cultural.
Quatro elementos fundamentais compõem o hip-hop: Dança (break), MC (abreviatura de mestre cerimônia e vinculado ao rap), DJ (abreviação de disc jockey — que seleciona discos e músicas, fazendo mixagens) e o Graffiti (artes visuais nos espaços urbanos).
Questionada sobre a necessidade de um Conselho específico para esse gênero, uma vez que já existe o Conselho Municipal de Cultura, a secretária de Cultura e Turismo Alexandra Caprioli explicou que foram 18 meses de trabalho, escuta, escrita e reflexão por parte da pasta e do Movimento para a criação do novo Conselho. "Esse momento vem do desejo do próprio movimento e é fundamental a sociedade civil ter essa voz junto à gestão pública", avaliou. E finalizou dizendo que "não é uma questão de privilégio, mas de representatividade, foi um compromisso nosso que precisava ser retomado, pois acreditamos que hoje as políticas públicas são feitas através dos Conselhos".
Quando: Amanhã (dia 14) e domingo (15), das 14h às 21h30
Onde: Estação Cultura, Praça Mal. Floriano Peixoto, Centro, em Campinas
Estacionamento gratuito: Rua Francisco Teodoro, 1.050, Vila Industrial
Entrada Gratuita - é incentivada a doação de 1kg de alimento não perecível
Instagram @campinashiphop
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