Elis Regina - que muitos afirmam ter sido ser absurdamente perfeita na arte de cantar -, em sua curta carreira apadrinhou muitos novos compositores
"A maior cantora brasileira de todos os tempos", escreveu Zuza Homem de Mello aobre Elis Regina no livro 'Música com Z' ( Divulgação)
Voz marcante, risada espontânea, personalidade forte e voluntariosa. Essas são as características que sucintamente descrevem Elis Regina, a “pimentinha” da música brasileira que completaria 70 anos na próxima terça-feira. Mesmo depois de três décadas de sua morte, ela ainda é considerada por muitos a maior cantora brasileira, opinião esta endossada por ninguém menos que o crítico de música Zuza Homem de Mello. “A maior cantora brasileira de todos os tempos”, escreveu ele no livro 'Música com Z' (Editora 34, 2014). Na obra, que reúne reportagens e entrevistas feitas por ele ao longo de sua carreira, está o artigo publicado em 13 de agosto de 1981 no jornal O Estado de S. Paulo, no qual escreveu sobre a última vez em que a viu no palco — ela morreu em 19 de janeiro de 1982, devido a complicações decorrentes de overdose de cocaína e bebida alcoólica. “Elis tem sido sempre, malgrado divergências de opiniões, uma cantora fora de série, taxada até, absurdamente, de perfeita demais. Suas atitudes paralelas aos espetáculos, isto é, suas declarações ou as interpretações delas é que geram posições variáveis em relação à sua figura, à sua postura, mas nunca à sua atuação”, escreveu na ocasião, abordando o que chamou de trepidante carreira de Elis Regina. E finaliza a crítica dizendo: “O que se ouve é a voz, o que se vê é a cantora, o que se quer e se ama é Elis Regina, é essa que ficará”. Gostando ou não de Elis, é inegável a importância da artista para a música brasileira, pois dedicou mais da metade de sua curta vida — morreu aos 36 anos — à arte. A menina criada na Vila do IAPI, no bairro Passo d’Areia, em Porto Alegre (RS), fechou seu primeiro contrato na Rádio Farroupilha aos 12 anos, por 350 cruzeiros mensais; gravou o primeiro disco, 'Viva a Brotolândia', aos 15; e conquistou o País com a canção 'Arrastão', de Edu Lobo, no 1º Festival da TV Excelsior, em 1964. Em duas décadas, gravou 27 LPs, 14 compactos simples e seis duplos, vendendo cerca de 4 milhões de cópias. “Apadrinhou” vários novos compositores, como João Bosco, Milton Nascimento e até mesmo Gilberto Gil. Se no início de carreira ela soava como uma jovem Angela Maria, há quem atribua a guinada e autenticidade da cantora a César Camargo Mariano, pianista e arranjador com trabalhou, se casou e teve dois filhos: os cantores Maria Rita e Pedro Mariano — seu filho mais velho, o produtor musical João Marcello Bôscoli, é fruto do primeiro casamento da cantora com o jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli.Singular Seja como for, Elis Regina fez-se notável, singular e deixou sua marca na história da música popular brasileira. Imortalizou canções como 'Águas de Março', de Tom Jobim; 'Maria, Maria', de Milton Nascimento e Fernando Brant; 'Como Nossos Pais', de Belchior; 'O Bêbado e o Equilibrista', de João Bosco e Aldir Blanc; e 'Romaria', de Renato Teixeira, entre outros clássicos. Além disso, estabeleceu paradigmas no showbiz brasileiro com o espetáculo 'Falso Brilhante', de 1975, apresentado no Teatro Bandeirantes, em São Paulo, com ingressos disputados a tapa, foi unanimidade de crítica e público. Não é pouco. Site oficial O site oficial de Elis Regina será lançado nesta terça-feira, 17 de março, data em que a cantora faria 70 anos. O espaço disponibilizará o conteúdo da exposição 'Viva Elis', que ocorreu em 2013, mais 500 fotos, vídeos desconhecidos do público, áudios exclusivos e o download gratuito do livro 'Viva Elis', uma biografia escrita por Allen Guimarães. O endereço é www.elisregina.com.br.