CADERNO C

A hora e a vez dos quadrinhos nacionais

Porta de entrada para a formação de novos leitores, as histórias em quadrinhos ganham celebração especial na Biblioteca Zink a partir de amanhã

Cibele Vieira/[email protected]
29/01/2025 às 15:41.
Atualizado em 29/01/2025 às 15:41
 (Divulgação)

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Se começar a achar um gibi aqui e outro ali, nos pontos de ônibus ou praças públicas, não estranhe, apenas aproveite, leia e passe para outra pessoa. Essa é a proposta do bookcrossing de HQs que acontece em Campinas entre 30 de janeiro e 28 de fevereiro, promovido pelos funcionários da Biblioteca Municipal Manoel Zink. Além dessa ação, amanhã começa a 12ª edição do evento que celebra o Dia do Quadrinho Nacional, com palestras, debates, exposição e muitas outras atividades que seguem abertas e gratuitas ao longo de fevereiro, inclusive com a Feira de HQs programada para o dia 15. 

Os gibis são a porta de entrada para formação do leitor, afirma a bibliotecária e organizadora dessas ações, Suze Elias. Ela lembra que começou a se interessar pela leitura ainda criança, por meio dos gibis que ela e o irmão escolhiam aos domingos na banca, acompanhados pelo pai. O quadrinista e ilustrador campineiro Digo Freitas (@digofreitashq) também acredita na influência positiva das HQs e comenta que o Brasil tem uma produção de qualidade, "que não deve nada aos que vêm de fora". Por isso, acrescenta, "a luta será sempre para ampliar o acesso aos quadrinhos". 

DIA DO QUADRINHO NACIONAL 

Comemorado desde 1984, o Dia do Quadrinho Nacional foi criado em homenagem ao quadrinista ítalo-brasileiro Angelo Agostini, que publicava o que hoje é considerada uma das primeiras histórias em quadrinhos do Brasil e do mundo. No dia 30 de janeiro de 1869, ele usou a Revista Fluminense para "As Aventuras de Nhô Quim", com "Impressões de Uma Viagem à Corte", história em que relata a ida de um caipira para o Rio de Janeiro. Assim, desde os primeiros anos dessa arte, o Brasil foi forte entusiasta. 

EXPOSIÇÃO MOSTRA EVOLUÇÃO 

A exposição "O humor nos 15 anos de quadrinhos de Digo Freitas" reúne, em 20 imagens, dezenas de tirinhas publicadas por ele entre 2010 e 2025. Sediada na Biblioteca Zink no período entre 30 de janeiro e 5 de fevereiro, a exposição mostra os diferentes personagens criados pelo artista e sua evolução autoral. Ele é campineiro e trabalha como autor de quadrinhos, licencia suas histórias em quadrinhos para livros didáticos em todo o Brasil e vende seus trabalhos impressos em eventos. 

Ele produz a série de tirinhas de humor autobiográficas "Minha Vida de Cão" (disponibilizadas no site digofreitas.com), é co-autor da trilogia "Tinta Fresca", criou as primeiras histórias em quadrinhos do mundo em formato de baralho, e, recentemente, lançou dois livros misturando receitas com o humor dos quadrinhos. 

Hoje, o Brasil produz quadrinhos para todas as idades, gêneros, temas e estilos. "Nossos artistas já ganharam prêmios nos Estados Unidos, Europa e Japão. Crescemos muito em quantidade e qualidade, mas o brasileiro ainda lê muito pouco. Nossa luta será sempre ampliar o acesso aos quadrinhos. Nós sempre fomos grandes nessa área e continuaremos sendo", afirma o quadrinista. Ele comenta que "é muito comum que as pessoas em geral relacionem o cenário apenas à Turma da Mônica e assim também foi comigo, quando comecei. Mesmo sabendo da existência de Ziraldo, Laerte, Angeli e demais, a gente só descobre mesmo esse mundo quando entra de cabeça". Foi com a utilização da Internet, após 2010, que os quadrinistas passaram a ter acesso a vários itens e tecnologias online, se abastecendo de informações em sites, blogs e zines, ganhando inclusive mais espaço em redes sociais. 

UM ACERVO DE RESPEITO NA ZINK 

Com acervo de 12 mil gibis dos mais variados estilos, a Biblioteca Pública Manoel Zink, no Centro da cidade, se tornou uma referência para esse tipo de publicação e recebe muitas doações. "Temos a gibiteca com todos os estilos há mais de 20 anos e sempre promovemos rodas de conversas e eventos sobre as HQs, inclusive esta é a 12ª edição da celebração da data", comenta a coordenadora da Biblioteca, Suze Elias. HQs, mangás, animes, super-heróis, publicações recomendadas para crianças e 18+, têm de tudo aqui e separado por seções, além dos livros para quem quer aprender as mais variadas técnicas de desenho e produção. Há coleções e também fascículos que atraem crianças, adolescentes e adultos saudosistas. 

Amanhã (dia 30), começam as oficinas de Escrita Criativa, Roteiro e Escrita de Zine, além de uma roda de conversa sobre arte furry, que integram a programação de atividades entre 30 de janeiro e 1º de fevereiro, na Biblioteca Municipal de Campinas, todas gratuitas. A programação completa pode ser encontrada no instagram @chamadafurry. No dia 15 de fevereiro, será a abertura da Feira de HQs, com a participação de 30 expositores de diferentes estilos, e prestará homenagem ao artista Francisco Marcatti. Nesse dia, às 16h, haverá uma roda de conversa com a deputada Juliana Cardoso, que tem um projeto tramitando para tornar o Dia do Quadrinho Nacional em efeméride nacional.

PROGRAME-SE 

12ª edição do Dia do Quadrinho Nacional

Exposição: O humor nos 15 anos de quadrinhos de Digo Freitas 

De 30/01 a 05/02, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h . 

Oficinas da Chamada Furry 

Dias 30 e 31/01 e 01/02, das 15 às 17h . 

Feira de HQs 

Dia 15/01, das 10h às 17h 

Onde: Biblioteca Municipal Prof. Ernesto Manoel Zink, Av. Benjamin Constant, 1.633, Centro, Campinas 

Entrada gratuita 

Informações: Telefone (19) 2515- 7091 Instagram @bibliotecazink

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