Longa de Luciano Moura, com Wagner Moura e Mariana Lima, estreia nesta sexta nos cinemas
Cena do filme brasileiro 'A Busca', que tem direção de Luciano Moura (Divulgação)
O mercado do cinema brasileiro está dividido atualmente entre duas tendências: as comédias rasgadas (algumas de extremo mau-gosto) e os filmes ditos de arte, ou alternativos (na falta de melhor definição). O drama 'A Busca', de Luciano Moura, que estreia nesta sexta-feira (15) e foi rodado em boa parte da região de Campinas, se coloca em um buraco negro: não é de arte, tampouco comédia. Levanto a questão para o diretor durante a coletiva de lançamento do filme em São Paulo.
Ele concorda que o filme não se enquadra em nenhuma das duas características, mas acha que há pessoas interessadas nesse tipo de produção que ele chama de thriller e une qualidade com apelo de público. Tanto que 'A Busca' foi premiado pelo júri popular nos festivais de Sundance (Estados Unidos) e do Rio de Janeiro, ambos no ano passado.
Wagner Moura, o protagonista, emenda afirmando que 'A Busca' não terá a performance da comédia popular na bilheteria e, portanto, não atingirá milhões de espectadores. Seu lugar no mercado é o médio — experiência que Wagner diz que o cinema brasileiro está aprendendo. E bom que seja assim, argumenta, pois esse mercado pede filmes de porte médio. E o esforço de 'A Busca', segundo ele, é o diálogo com o público.
Um jornalista questiona a verossimilhança da história. Por que a família não chama a polícia assim que o filho desaparece? A roteirista Elena Soarez se defende afirmando que a licença poética foi proposital. A atriz Mariana Lima acrescenta: “Estamos no cinema, não há necessidade de as coisas parecerem verossímeis”.
Mariana também elogia o fato de 'A Busca' ser drama familiar, gênero pouco explorado no cinema nacional. “O assunto é riquíssimo; eu adoraria assistir a mais filmes com essa temática.” Para Wagner, o longa se revela muito a partir do que não é dito, especialmente em relação ao filho Pedro que ele está buscando. Esta será a forma de conhecê-lo.
Para a atriz, o momento mais difícil das filmagens foi voltar para casa, revirar as coisas de Pedro e pensar que ele tivesse morrido. Para Wagner foi o prólogo — o único instante em que os três estão juntos. Ele também curtiu muito a sequência final com Lima Duarte. “Fiquei muito honrado em contracenar com o Lima e queria que ele me visse como um bom ator; por isso, fiz enorme esforço para que tudo saísse bem.”