Grupo que venceu o Festival da Canção da Unicamp, em 2010, traz o álbum 'O Hábito da Força'
Integrantes da banda Filarmônica de Pasárgada. formada por sete músicos paulistanos (Divulgação)
Sete jovens músicos se refugiaram na Bahia para gravar o disco de estreia da banda Filarmônica de Pasárgada, 'O Hábito da Força'. O bom humor, às vezes com ironia, e a originalidade são marcas do disco, composto por 15 canções de Marcelo Segreto (voz e violão). Como qualidade na utilização desse recurso, o grupo já ganhou alguns prêmios, como o 1º Festival da Canção da Unicamp, em 2010.
O projeto foi concretizado apenas agora, mas o processo se desenvolveu desde novembro de 2008, quando ainda estudavam música na Universidade de São Paulo (USP). “A gente se encontrava pelos corredores com a vontade de tocar canção popular, porque no departamento só se fazia música erudita”, revela Segreto. Com o financiamento do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria Estadual de Cultura, a trupe colocou em prática suas novas ideias. Foi produzido por Alê Siqueira, como o selo Coaxo do Sapo, de Guilherme Arantes, e conta com participações especiais de Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Kassin, Lurdez da Luz e Cerqueira.
Veio então a parceria com o produtor Alê Siqueira, quem os levou ao Sul de Salvador e ao encontro com Guilherme Arantes. “A gente queria ir embora para Pasárgada, aí fomos para Bahia”, brinca Siqueira, em alusão ao poema de Manuel Bandeira que inspirou o nome da banda. Lá, foram apresentados a Arantes, que é proprietário do estúdio Coaxo do Sapo, no qual o disco foi gravado. “Ele (Arantes) não chegou a tocar no CD, mas participou bastante. Estava todos os dias com a gente, ouvindo e arrumando as técnicas. Ele é um cara incrível. O estúdio é a casa dele, a começar pela arquitetura, que foi feita por ele mesmo.”
Segundo Segreto, a inversão das palavras (força de hábito por hábito de força) foi pensada para firmar uma comunicação com o ouvinte. “Apresentar um caminho não usual, porém com compreensão”, diz. Isso porque o grupo, que se inspira em Tom Zé e Luiz Tatit, valoriza muito a comunicação e o conteúdo das letras. “Nossa ideia é comunicar com o público e para isso a gente usa o bom humor e a ironia”, conta. Apenas para exemplificar, no single O Seu Tipo, muito bem-humorado e cheio de ironia, a banda brinca com a estrutura da canção e do show ao incluir aplausos do público na composição (após as palmas, a banda volta a tocar). O que a torna uma canção de fortíssimo apelo popular.
Essa faixa ainda tem participações especiais de Kassin (guitarra), Luiz Tatit (voz) e Ná Ozzetti (voz). E dela foi feito o primeiro videoclipe que já conta cerca de 40 mil visualizações no YouTube. O humor se mantém em Plano B, com uma sonoridade que remete a um jingle, com referências à publicidade, pois o personagem da canção tenta conquistar sua amada a todo custo, fazendo um comercial de si mesmo. Já Fora do Ar, aposta numa sonoridade moderna, timbres e elementos eletrônicos, sempre de maneira pop.
Exatamente no centro do disco está a faixa-título. Não por mera coincidência. De acordo com o compositor, o álbum foi construído a partir de uma simetria na organização das canções. “Reservamos esse lugar do CD (faixa 8) para dizer algo que achamos legal num trabalho artístico: quando a música faz a gente palpitar, se emocionar. Tirar a pessoa do tempo da rotina, da força do hábito. Como esta canção simétrica está bem no centro do disco temos a sugestão de que esta simetria pode se verificar em relação ao restante das faixas. E então fomos organizando o CD a partir dessa simetria. Do centro para as pontas, as canções vão estabelecendo contatos entre si. A sétima com a nona, a sexta com a décima e assim por diante”, explica.
Destaca-se no disco também a atenção para com o projeto gráfico do encarte, feito pelo renomado artista plástico Guto Lacaz. “Guto fez um encarte que dialoga de maneira incrível com nosso trabalho. Ele conseguiu traduzir graficamente a sonoridade da banda, o humor das canções e o conceito do disco: a simetria que existe entre as faixas do CD”, finaliza Segreto.
Além de Marcelo Segreto (voz e violão), a Filarmônica de Pasárgada conta com Fernando Henna (piano, teclado, acordeão e eletrônica), Miguel Antar (contrabaixo elétrico), Paula Mirhan (voz), Paulo Ramos (trombone), Raquel Rojas (fagote e flauta) e Rubens de Oliveira (bateria e percussão).