ENTREVISTA

A atriz Flávia Alessandra se considera realizada

Apesar disso, ela diz que ainda tem muitos sonhos a concretizar

Agência Estado
01/01/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 09:52

Depois da jornada dupla, dando vida às personagens Naomi nas versões humana e robô em 'Morde & Assopra', da Globo, Flávia Alessandra está empolgada com o trabalho na trama de Glória Perez, 'Salve Jorge'. A intérprete da tenente Érica afirma que o papel é diferente de tudo que ela já fez até hoje na dramaturgia. A atriz diz que a militar irá lutar pelo amor do mocinho Théo, vivido por Rodrigo Lombardi, até o final da novela, mas ela prefere não apostar se Érica vai levar ou não a melhor nesse triângulo amoroso.

Flávia Alessandra coleciona personagens em folhetins de sucesso, como em 'A Indomada', 'Porto dos Milagres', 'O Beijo do Vampiro' e 'Alma Gêmea'. Aos 38 anos, a mãe de Giulia e de Olívia diz que hoje se sente realizada. Porém, deixa claro que ainda tem muitos sonhos a serem concretizados no lado profissional. Em especial, ela revela que pretende mergulhar fundo no universo teatral e do cinema.

Agência Estado — Como é voltar a fazer uma novela no horário nobre e justamente numa trama de Glória Perez?

Flávia Alessandra — Estou amando. A Érica é uma mulher bacana, resolvida, ética. Mesmo depois de ter perdido o homem da sua vida, ela vai ajudá-lo a encontrar a rival Morena (Nanda Costa). A personagem não tem nada de vilã. Ela só luta pelo seu grande amor e jamais vai passar por cima de alguém. Érica defende seu amor com armas honestas, com as armas brancas dela.

Você, Flávia, teria o mesmo comportamento que o da personagem?

Claro! Sou da linha da Érica. Prefiro ser correta. A vida é cíclica e aqui se faz, aqui se paga. Isso é certo. Ainda tem a lei do retorno. É bonito ver a maneira correta e ética dela. Já vi até algumas pessoas falando: “Ah, mas é demais”. Eu respondo: “Não, pela situação a Érica está corretíssima”. Eu fico com ela (risos).

Na novela, Érica é uma veterinária. Você também é apaixonada por animais?

A vida inteira eu sempre tive animais, claro que todos pequeninos (risos). Nada que fosse igual ao tamanho de um cavalo, que é um animal enorme, mas extremamente dócil.

Qual foi a maior dificuldade que você encontrou inicialmente para trabalhar em 'Salve Jorge'?

Com certeza foi o de contracenar com o cavalo. Isso, sem dúvida, é o mais difícil. A gente depende sempre dele. Estou aqui pertinho e, de repente, uma virada do animal é uma cabeçada em mim. Isso aconteceu várias vezes. Tem cena que a gente está andando a cavalo e falando o texto, mas isso se complica porque eles querem dar uma aceleradinha, sendo que precisam ir lentamente para caber o texto naquele tempo certo da gravação e do andar do animal. E ainda tem aquela coisa que o cavalo se assusta com a grua, com os equipamentos. Cheguei a pegar amizade com um deles no haras onde eu treinava. O nome do cavalo é Sereno, ele é marrom, um fofo.

Seu trabalho anterior na TV foi em 'Morde & Assopra', no qual deu vida a duas personagens. Agora, você retorna aos folhetins e num trabalho totalmente oposto. É sempre bom mudar?

Sem dúvida. Por isso, aceitei de cara a personagem. A Érica, de 'Salve Jorge', é completamente diferente da Naomi, de 'Morde & Assopra'. A gente brinca que ela tem sangue verde-oliva, sangue militar. As atitudes e o comportamento dela mostram isso. Já a Naomi era passional. A Érica se segura sempre, até porque tem a questão não só do orgulho feminino, mas da conduta militar. Ela está sempre tentando engolir seco, segurar o choro e não demonstrar seu sofrimento. É o oposto da Naomi, que se jogava. A Érica tem esse lado do regimento, da rigidez e da formalidade, mas, fora do ambiente de trabalho, ela é uma pessoa normal.

A trama de 'Salve Jorge' mostra a fé no santo guerreiro. Como você lida com a questão da religiosidade?

Como uma boa brasileira, eu acredito em tudo. Acredito em Deus, na Iemanjá que me protege e creio em São Jorge. A oração dele só pede proteção para que nada nos atinja e isso é lindo. Todo brasileiro tem um pouco de São Jorge dentro dele por ser guerreiro, não desistir nunca e sempre continuar tentando.

Então qual é o desafio de interpretar a veterinária Érica?

Acho que fazer as pessoas acreditarem nessa militar humana e falarem: “Olha só, essa tenente é uma mulher bacana, sim. Ela finge ser durona, mas é manteiga derretida que nem a gente”. Isso é legal, isso é o meu desafio.

Por falar em sucesso, entre tantos trabalhos que você realizou na TV, qual a personagem que você destacaria como um divisor de águas em sua carreira?

A Dorothy, de 'A Indomada'. Foi a primeira vez que as pessoas passaram a me ver como atriz, onde eu construí uma personagem totalmente diferente do que eu tinha feito e do que eu era.

Mais uma vez você trabalha com seu marido, o ator Otaviano Costa. Vocês batem texto antes de entrar em cena? 

Nós estamos em núcleos diferentes. Em alguns momentos até rola de um bater o texto com o outro e ver se está falando tudo direito.

Você sempre está postando fotos em redes sociais de seus looks. De que forma você lida com a moda?

Eu gosto de moda, adoro o que é belo. Quando vejo uma coisa bonita, eu vou lá, clico e publico. No meu guarda-roupa sempre tenho peças na cor preta ou na cor branca porque são as mais fáceis de serem combinadas.

Por falar em visual, o que você achou do figurino da sua personagem?

Ela não usa muita maquiagem e isso não me incomoda. A Alzirão, de 'Duas Caras', era assim e, depois, teve o outro lado, o do pole dance. O visual da Érica, quando está sem a farda, tem sempre uma renda e tons claros misturados com jeans porque ela é uma mulher prática. E tem ainda a “pegada” do romantismo nela porque, certamente, ela é uma mulher romântica.

Você começou na TV bem cedo, na novela 'Top Model', em 1989. Hoje, depois de uma longa caminhada, você já alcançou tudo o que desejou em sua carreira? 

Acho que ainda tenho várias coisas para serem feitas. Existem muitos personagens que eu quero interpretar. Tenho vontade de mergulhar mais no cinema e fazer mais teatro. Não posso negar que estou mal acostumada porque tenho tido sorte nos meus últimos trabalhos. Todos foram personagens fortes, marcantes e, é claro, que aí vem a parte do desafio. Quando um personagem novo chega, eu penso: “Caramba, será que vou conseguir fazer algo marcante ou inesquecível como foram os últimos? Ah, tomara”.

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