Coluna publicada na edição de 29/3/18 do Correio Popular
O Palmeiras sofreu mais do que o esperado para eliminar o Santos. A derrota em casa em um jogo decisivo no qual tinha a vantagem do empate colocou em risco a classificação para a final do Paulistão, meta que era quase uma obrigação para um clube com orçamento tão superior aos dos concorrentes, inclusive os três grandes. A montagem do elenco, na minha avaliação, foi bem feita. O Palmeiras tem pelo menos duas boas opções para qualquer posição. Em algumas posições, tem três. O banco quase sempre tem quatro ou cinco jogadores que seriam titulares em qualquer outra equipe da competição. É por isso que o Palmeiras se classificou com a melhor campanha na primeira fase e passou com enorme facilidade pelo Novorizontino nas quartas de final. Mas na semifinal, embora tenha cumprido a sua missão e eliminado um rival que chegou a várias decisões estaduais nos últimos anos, o Palmeiras deixou sua torcida apreensiva. Não que tivesse que atropelar o Santos como fez com o Novorizontino. Mas também não era para correr um risco tão grande de ser derrotado, como ocorreu na noite de terça-feira. É muito cedo para fazer qualquer avaliação sobre o trabalho de Roger Machado, mas tenho a impressão, neste começo de trabalho, que o time tem potencial para jogar não apenas melhor, mas também com mais intensidade. O Palmeiras é um favorito natural a qualquer competição que disputar em 2018, Libertadores inclusive, mas correrá o sério risco de reviver as frustrações de 2017 se não for capaz de evoluir. Se não for capaz de praticar um futebol compatível com a farta qualidade de seu elenco. É provável que a diretoria não esteja sequer cogitando a possibilidade de fazer mudanças na comissão técnica. Mas, em um exercício de imaginação, quem o clube poderia contratar se chegasse à conclusão de que Roger não é o nome ideal para comandar o time no Brasileirão? É um exercício de imaginação bem difícil, por sinal. Em outros tempos, seria fácil apontar três ou quatro nomes de grandes treinadores e todos eles seriam muito bem recebidos não apenas por palmeirenses, mas por qualquer torcida de clubes grandes. Atualmente, essa escolha seria bem difícil. Talvez por isso os últimos treinadores de um time com os recursos do Palmeiras tenham sido Eduardo Baptista, Alberto Valentim e Roger Machado, todos eles com pouco tempo de profissão. São treinadores à altura de um elenco tão forte? O mercado tem treinadores à altura de um elenco tão forte? Ou será que, com exceção de Tite, o Brasil vive uma entressafra de grandes treinadores?