Depois de um início preocupante à frente da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari conseguiu dar uma cara ao time. Ele aproveitou o tempo de preparação para definir o estilo de jogo que poderia montar com os jogadores à disposição e contou com a aplicação de seus comandados para sair vitorioso da Copa das Confederações.
Quando perguntados, todos os jogadores da Seleção creditaram ao técnico a união do grupo e o comprometimento em busca do título. É verdade que o momento conturbado por que passa o Brasil também serviu de inspiração e o técnico certamente usou as manifestações para unir o elenco atrás da taça.
Assim, com um pouco de sorte — pelo momento — e muito trabalho, Felipão saiu como o maior vitorioso dessa competição, resgatando o prestígio com o torcedor, o que lhe dá mais moral e sossego para trabalhar até a Copa do Mundo.
Por falar em torcida, nem deu tempo do morto esfriar e a bola já começou a rolar pelos gramados brasileiros e sul-americanos. E já deu para ver que a paralisação não fez bem aos times ou para quem não usou o tempo de intertemporada a seu favor.
O Atlético-MG, que fazia uma campanha espetacular na Libertadores, não entrou com o mesmo pique na primeira partida das semifinais da competição. Bernard, ainda na ressaca da comemoração do título de domingo, teve a chance mais clara de abrir o placar na Argentina, mas o “guri com alegria nas pernas”, como definiu Felipão, não conseguiu aproveitar o passe de Ronaldinho. Agora a torcida do Galo terá de empurrar o time para a final na próxima quarta-feira.
No Morumbi, Cássio e Rogério Ceni sentiram a falta de ritmo na decisão da Recopa. O goleiro do Corinthians admitiu que sofreu o maior frango da carreira, ao pegar as penas no fundo do gol. Já o capitão tricolor parece ter escolhido a hora errada de pendurar as luvas. Ele demorou a reagir com a bola parada dentro da área à espera de Guerrero na primeira etapa, e ainda avançou para, talvez, tentar cortar o lançamento na intermediária, mas se arrependeu, voltou e também não deu tempo de evitar o golaço por cobertura.
Voltando aos treinadores, na coletiva após o jogo, Ney Franco disse que o time não atravessa boa fase tecnicamente, e insinuou que os culpados são os jogadores, que não atuam como ele pede. Mas a falta de aplicação tática também passa por ele. O São Paulo ainda não se achou nesse ano porque o treinador não soube aproveitar as características do elenco que tem às mãos para formar um padrão de jogo. Os problemas já existiam no início do ano e, ao que parece, ele não aproveitou o tempo que teve junto com o elenco para mudar as coisas e fazer a torcida esquecer Muricy.
Não é à toa que Felipão está no céu, e Ney Franco, no inferno.