ZEZA AMARAL

Ensaio de panelas

Zeza Amaral
10/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 14:13
ig-zeza-amaral (AAN)

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As ruas brasileiras tinham um único dono: os garis. Eram eles sempre a limpar a sujeira dos cidadãos brasileiros que jogam papéis nas calçadas, que entopem bueiros com latinhas, pets e garrafinhas de água, sem contar as sacolas de supermercados jogadas a esmo, comprando vídeos piratas e tantas outras bugigangas de baixa qualidade, chinelas, mochilas, bonecas, que serão destinadas aos lixões da cidade. Progresso industrial e incivilidade social, eis aí a contradição dos nossos tempos.E agora os cidadãos honestos e trabalhadores também descobriram que a rua é a serventia da Nação. E sem sujeira e violência. Apenas exigindo respeito das ditas autoridades, batendo panelas cívicas.O processo político tem de ser repassado ao distinto cidadão que, embora com pouco dinheiro, tem de estar consciente de seus deveres, não comprar mercadorias de baixo valor entrópico, pois quanto mais barato maior o custo social a ser empregado para descartá-lo, e, assim, adquirir consciência para que o Estado fiscalize tais produtos, fazendo com que todos se beneficiem.Resta claro que a economia do País está capengando para manter o mínimo do consumo e emprego, e isso tem reflexo nas mais altas bolsas de valores do planeta, visto que o Brasil, além de seus duzentos milhões de consumidores também alimenta o mundo com a proteína e o carboidrato necessários para que o consumo orgânico se mantenha equilibrado no restante dessa coisa que chamamos planeta Terra. É reconfortante assistir programas politicamente corretos que nos acusam de omissos quanto ao massacre que a civilização vêm promovendo contra etnias silvícolas, ararinhas azuis, sapos mirins, como se índios fossem o sustento da nova civilização, assim como as aves, anuros, peixes, e não seres humanos que somos todos nós, assalariados, acorrentados à carteira do trabalho, acorrentados ao pelourinho da sobrevivência laboratorial. Reside aí, nessa ideia acadêmica e ideológica de confundir índios como seres de baixo escalão humano, de protegê-los contra a sanha capitalista que bem poderia livrá-los do falso humanismo conservacionista desses muitos estelionatários sociais que vivem de sugar as tetas governamentais com as suas organizações não-governamentais, essas tais ongs da vida. Cerca de 70% do território nacional pertencem aos quase 800 mil índios que vivem de penachos e pintos de fora para ingleses e tantos outros turistas estrangeiros fotografarem, sendo que o restante das terras brasileiras cabe a 200 milhões de brasileiros que têm de construir suas cidades, suas indústrias, e, é claro, suas terras que terão de produzir arroz, feijão, soja, milho, toneladas de produtos hortigranjeiros e proteína animal, aquela coisa que a gente coloca numa churrasqueira, e que muito incomoda veganos que só gostam mesmo é das inocentes fibras que eles conseguem matando inocentes tomates, alfaces, rúculas, repolhos e, coisa mais triste, esmigalhando alhos e triturando honestas e inocentes cebolas.Claro que faço blague com todos os nossos valores culturais, sejam culinários ou intelectuais, e, é claro, aqui fazendo uma transposição política, a fim de deixar claro que ando cansado dessas besteiras ambientais, políticas, e, mais que isso, da corriola acadêmica que se lustra em evasivos argumentos que não se dão em nada, por mais que se prestem para mais confundir do que para explicar, pois não passam de mestres em argumentos estultos que bem referendam suas covardias acadêmicas - o que difama augustas cátedras e diplomas; sem falar do prejuízo que sofre nossos impostos, que bancam ideológicos fariseus de conhecimentos técnicos e, é claro, de todos eles preocupados em manter suas aposentadorias concursadas, burocráticas e vitalícias, os nossos nababos modernos esquerdistas.E o resultado dessa aberração burocrática e corporativista pode ser compreendida pela ascensão política do sindicalista e milionário Lulla da Sillva, que, em chão de fábrica não pisa há mais de quarenta anos, e da sua protegida Dillma Rousseff, uma bacharelanda em economia que conseguiu falir uma lojinha de 1,99, em Porto Alegre, e que agora está empenhada a nos falir a todos.Se há alguma coisa útil promovida pelo petismo é o crescimento da indústria da panela. Lá em casa tenho duas que não servem mais ao ofício culinário, amassadas que estão. Mas, é certo, ainda se encontram em bom estado para fazer um bom barulho democrático na varanda do apartamento. Sem dúvida, é panela velha que faz uma vaia boa.Bom dia.

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