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Engenharia química vai além das fórmulas

Formação abrangente amplia campo de atuação profissional

E-Braille
faleconosco@rac.com.br
17/10/2013 às 14:58.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:09

Quem escolhe a graduação de engenharia química para trabalhar apenas na criação de fórmulas, composição de substâncias e experiências em laboratório pode se decepcionar. Como todas as engenharias, a base do curso superior são cálculos e mais cálculos, e muita física. A química é complementar e aparece no meio da faculdade. Mas o campo de atuação não poderia ser mais vasto. Por ter formação abrangente, o engenheiro químico pode trabalhar tanto na indústria de petróleo e gás, um dos setores em alta no mercado, quanto em companhias farmacêuticas, de biotecnologia, componentes químicos, têxteis e em fábricas alimentícias. E, na Região Metropolitana de Campinas (RMC), não faltam grandes empresas na área, como a Refinaria do Planalto Paulista (Replan), a EMS , Medley e Triunfo, apenas para citar algumas.  O engenheiro químico é o profissional voltado para o desenvolvimento de processos industriais que empregam transformações fisioquímicas. Ele que cria técnicas para a extração da matérias-primas e sua transformação em outras substâncias. É o encarregado também por pesquisar tecnologias mais eficientes e implantar processos industriais não poluentes. A coordenadora do curso de engenharia química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Teresa Moreira Rodrigues, afirma que o profissional controla desde a forma como um produto vai ser produzido, a embalagem e até sua distribuição.  “É uma formação de engenharia bem abrangente e generalista. Temos disciplinas que envolvem química, mas não são os mesmos fundamentos de uma faculdade somente de química. Nossos conhecimentos são os necessários para atuação em nível industrial”, explicou. Para trabalhar com os compostos nos laboratórios, os engenheiros contam com bacharéis em química. Já para desenvolver processos e equipamentos mais eficientes, a parceria é com engenheiros mecânicos, elétricos e mecatrônicos.  Além da área de petróleo e gás, hoje um dos setores mais aquecidos do mercado é o de engenharia bioquímica e biotecnologia, principalmente ligada a novas fontes de energia. “A Unicamp tem muitas pesquisas em biomassa, além do desenvolvimento de novos medicamentos”, disse Maria Teresa.  Abrangência  Por ser econômico por definição, o engenheiro se destaca também em outras áreas de empresas que visam lucro e produtividade e ocupam com facilidade cargos de gerência. “A evasão de engenheiros de áreas técnicas para vagas de coordenação é uma tendência mundial. E não podemos dizer que eles são infelizes nesse tipo de emprego. O engenheiro gosta de resolver problemas práticos, não importa em que área”, afirmou a coordenadora. No curso da Unicamp, os alunos não têm dificuldade em conseguir estágios e empregos com salários em torno de R$ 5 mil depois de formados.  A engenheira química Etiane Sans, que trabalha em Valinhos, se formou na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e conseguiu rapidamente um estágio na área. Fã de fórmulas quando ainda estava no colégio, ela disse que não tinha dúvidas sobre qual carreira escolher. “Sempre soube que seria algo ligado à química. Optei pela engenharia por eu também ter muita facilidade em matemática e física”, contou.  Mas o início do curso não foi fácil. A carga pesada de cálculos no primeiro ano de faculdade fez Etiane pensar em desistir da engenharia várias vezes. “Mas resisti e permaneci na faculdade. Ainda bem. Não me imagino trabalhando com outra coisa. O fato de o curso ser abrangente só contribuiu para eu conseguir melhores trabalhos”, explicou a engenheira, que hoje é supervisora industrial em uma empresa de armas não letais. Lama contra a contaminação ambiental  Desde 1998, uma equipe da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp se dedica à tarefa de minimizar os impactos ambientais dos resíduos industriais no meio ambiente, desenvolvendo técnicas e processos para imobilizar ou estabilizar os processos. A novidade é que pesquisadores utilizam materiais pouco convencionais, como algas e argila, para promover a remoção de contaminantes de efluentes. Uma das descobertas recentes da engenheira química Renata dos Santos Souza são os benefícios da lama vermelha, residual gerado pela produção de alumínio, para remover derivados de petróleo (benzeno, tolueno e xileno) de meios líquidos.  A ideia de utilizar a lama vermelha para essa finalidade foi de Renata, que é natural do Pará, onde a produção de alumínio é uma atividade importante. Ela não tinha indícios de que o material teria essa utilidade, mas sabia que ele já era testado para remover corantes. Segundo a engenheira, na região Norte é comum a presença de postos de abastecimentos flutuantes, que, como os convencionais, apresentam problemas de manutenção em seus tanques, não rararamente resultado em vazamento de combustíveis para os recursos hídricos.  Além disso, a lama vermelha, que é composta principalmente por ferro, sódio, alumínio, titânio e silício, é um resíduo poluente que pode contaminar o solo e, consequentemente, o lençol freático. Hoje em dia, ela é aproveitada basicamente para a produção de cerâmica. Nos testes, a lama ativada termicamente foi capaz de remover 99% do xileno, 85% do tolueno e 60% do benzeno dos efluentes. Apesar de o estudo ter indicado que a lama vermelha tem potencial para ser empregada em métodos de remoção de compostos orgânicos de efluentes, a técnica ainda não alcançou o ponto de aplicação.

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