Atividade inclui desde projeto de máquinas até a pós-colheita
Alunos da Faculdade de Engenharia Agrícola testam técnicas de irrigação e drenagem durante aula de campo na Universidade Estadual de Campinas ( Divulgação)
Com estigma de profissão do campo, a engenharia agrícola hoje não se resume ao projeto de maquinário para plantações. O profissional da área emprega tecnologia no gerenciamento de todo processo agropecuário — inclusive na transformação do produto dentro das indústrias. E a área cresce colada com o aumento da população mundial, uma vez que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Por isso, a atividade foi apontada pela Federação Nacional das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) como uma das profissões do futuro. A engenharia agrícola tem diferenças fundamentais da agronomia, em que a fisiologia, biologia e qualidade da lavoura são o foco principal. Além de administrar equipamentos necessários à produção agrícola, o engenheiro planeja e se preocupa com os melhores métodos de transporte e armazenagem da colheita. E o entorno de Campinas é um dos principais polos empregadores do profissional no País. Empresas como a John Deere e dezenas de indústrias petroquímicas em Paulínia absorvem grande parte da mão de obra formada na região. Mas companhias que aparentemente não teriam nada a ver com a área, como a Natura e Procter & Gamble, também precisam de engenheiros agrícolas em sua grade de funcionários. Na Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o curso é divido em cinco grandes áreas, de acordo com o coordenador associado, Ariovaldo José da Silva: o setor de planejamento, que engloba disciplinas como geoprocessamento e logística; a área de água e solo, que inclui saneamento, manejo de bacias hidrográficas, desenvolvimento sustentável e estudo da compactação da terra; ambiência, que engloba estudos relacionados à resistência e ao comportamento estrutural de materiais de construção de instalações rurais; projeto e construção de máquinas agrícolas, e processos de armazenamento e transporte pós-colheita. “O curso de agrícola permeia muitas áreas da engenharia, como a mecânica, civil, elétrica, de produção, mas sempre voltado para o aumento da produtividade e sustentabilidade do campo”, explicou o coordenador. Silva afirmou que, há alguns anos, o eixo principal das disciplinas era o projeto de máquinas agrícolas. Mas, com a sofisticação dos processos no campo e com a crescente preocupação ambiental, a graduação se tornou muito mais abrangente. “Hoje, o engenheiro trabalha com projetos de pequenas barragens, estradas vicinais e tecnologia para assentamentos rurais, sempre com foco na sustentabilidade”, disse. Vinícius Santiago de Brito, de 24 anos, está no último ano do curso e já foi efetivado na Natura. O estudante faz parte da grande massa de universitários de engenharia que consegue emprego e boa remuneração mesmo antes de se formar. “Apesar do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) defender um salário inicial que fica em R$ 3,7 mil, o mercado tem surpreendido. Um recém-formado chega a ser contratado por R$ 5 mil ou R$ 6 mil”, disse o estudante. Há casos ainda em que o engenheiro volta à universidade para especialização, por incentivo e patrocínio da própria empresa. “Sem dúvida, o engenheiro que tem embasamento científico e capacidade de pequisa é ainda mais valorizado pelo mercado. Por isso, mestrados e pós são importantes não só para carreira acadêmica”, completou. Participação no Portas Abertas confirma opção de estudante do Fundamental O estudante do 3ºano do Ensino Fundamental Gabriel Morette Santos Chaves, de 17 anos, quer cursar engenharia agrícola na Unicamp porque sabe que é uma das áreas que mais crescem no País. “Além disso, é um ramo bem tecnológico. Gosto do setor de automatização do campo e máquinas agrícolas”, disse o estudante, que visitou a faculdade no último Unicamp Portas Abertas, que ocorreu no dia 31 de agosto. “Gostei do instituto ligado à parte hidráulica e de irrigação, que estuda transposição de rios e lagos para a lavoura”, completou. O curso de engenharia agrícola tem dois anos de formação básica, com muita física, matemática e química. Em seguida, começam as disciplinas específicas de agrícola, como planejamento e administração, sistemas de produção animal e vegetal, pós-colheita, irrigação e drenagem, mecanização agrícola, automação e controle. O currículo tem ainda forte característica ambiental, principalmente no que tange ao uso adequado de recursos hídricos e do solo.