EDITORIAL

Enem e o resgate da Educação

11/05/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:48

O padrão de ensino no Brasil vem experimentando uma flagrante queda de qualidade, atestada pela dificuldade de estudantes se expressaram com um mínimo de correção e clareza. A adoção de programas de educação continuada permite que muitos alunos completem o Ensino Fundamental sem ao menos estarem plenamente alfabetizados, frustrando a possibilidade de um acompanhamento especial que não encontra respaldo na precária estrutura das escolas.

Alguns esforços têm sido empenhados para dar um tom mais pedagógico e eficiente à Educação. Todos esbarram na limitação dos recursos disponíveis, na falta de professores, na dificuldade de preparo e atualização pedagógica. A contribuição para o processo é uma categoria desrespeitada, desmotivada, consciente de que os avanços somente serão possíveis com o desdobramento das boas intenções e esforços pessoais.

A criação de exames de avaliação do desempenho dos estudantes e escolas é um passo importante para o diagnóstico da Educação. Por isso, deveriam estar sempre cercados do maior rigor e atenção, de forma a elevar o nível exigível dos estudantes e contribuir para a construção de um modelo didático exemplar e acessível a toda a população. O que aconteceu nas últimas edições do Exame Nacional do ensino Médio (Enem), com redações contendo gracejos inaceitáveis sendo pontuadas com altas notas, mostra uma forma conivente de aceitar desvios de padrão como reflexo de uma conduta mais liberal, coerente com o comportamento dos jovens de hoje e as formas disponíveis de comunicação informal, tão presentes em redes sociais na internet.

A péssima repercussão do caso levou o Ministério da Educação (MEC) a aumentar o rigor na correção das provas escritas, barrando a tolerância que chegou a permitir receita de macarrão instantâneo no meio do texto, como deboche aos corretores (Correio Popular, 9/5, B6). Não se pode dizer que há exagero no novo padrão. É preciso que os discentes resgatem a forma como se tratavam as escolas e professores. Longe de pregar a sacralização do aprendizado, há que se impor a linha do respeito e seriedade exigíveis em todos os casos, como passo fundamental para que a Educação cumpra fielmente seu pressuposto maior de construção da cidadania e do crescimento pessoal.

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