TRAGÉDIA

Encontrados 50 sobreviventes nos escombros em Bangladesh

As equipes de resgate encontraram nesta sexta-feira (26) 50 pessoas vivas sob os escombros

26/04/2013 às 12:04.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:45

As equipes de resgate encontraram nesta sexta-feira (26) 50 pessoas vivas sob os escombros do prédio que desabou na periferia da capital de Bangladesh (France Presse)

Equipes de resgate encontraram 50 pessoas vivas na noite desta sexta-feira nos escombros de um complexo de confecção de roupas de marcas ocidentais em Bangladesh que desabou dois dias antes, deixando mais de 300 trabalhadores mortos.

No total, 304 pessoas faleceram depois que o edifício de oito andares desabou na região industrial de Savar, nos arredores da capital de Bangladesh, Daca, na manhã de quarta-feira, de acordo com o Exército.

"Encontramos cerca de 50 pessoas ainda vivas em diversos locais do terceiro andar depois de cavarmos túneis. Esperamos poder resgatá-las amanhã de manhã", disse Sheikh Mizanur Rahman, vice-diretor do corpo de bombeiros de Bangladesh.

A descoberta de mais sobreviventes trouxe novas esperanças para os milhares de parentes desesperados reunidos no local do desastre, mas um intenso odor de decomposição sugeria que muitos corpos permanecem entre os escombros.

"Resgatamos 80 pessoas vivas dos destroços hoje (sexta-feira)", acrescentou Rahman. Mais de 2.300 pessoas foram resgatadas vivas depois o colapso, mas muitas estão gravemente feridas, segundo o Exército.

Equipes de resgate exaustas, bombeiros e voluntários utilizando cortadores de concreto e máquinas de perfuração lutavam contra o tempo para encontrar mais sobreviventes após o pior desastre industrial do país.

Conforme a noite caía, holofotes brilhavam sobre a montanha de concreto e aço, e parentes seguravam fotografias de seus parentes enquanto aguardavam notícias.

Mais cedo, a polícia precisou controlar uma multidão furiosa de trabalhadores do setor têxtil que protestavam pela tragédia, a última a atingir este setor, uma grande fonte de recursos para o pobre nação.

A raiva generalizada foi alimentada com as revelações de que os chefes da fábrica obrigaram os funcionários a retornarem ao edifício na quarta-feira, apesar das rachaduras que apareceram na estrutura do prédio no dia anterior.

A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e disparou balas de borracha nos trabalhadores - que vendem roupas para marcas ocidentais conhecidas - enquanto eles tentavam bloquear estradas e atacavam fábricas e ônibus nos distritos têxteis ao redor de Daca.

"A situação é muito instável", afirmou à AFP M. Asaduzzaman, um policial de Gazipur.

O edifício Rana Plaza desabou na madrugada de quarta-feira.

A linha fashion de produtos de baixo custo Primark e a gigante espanhola Mango confirmaram que produtos das duas empresas são produzidos no local, enquanto diversas companhias, incluindo Walmart e a francesa Carrefour, estão investigando.

O acidente gerou novas acusações provenientes de ativistas sindicais de que empresas de vestuário ocidentais colocam o lucro à frente da segurança ao se abastecerem de produtos feitos em Bangladesh, apesar do número chocante de acidentes fatais.

Em novembro, um incêndio em uma fábrica que produzia artigos para o Walmart e para outras marcas ocidentais deixou 111 mortos, com sobreviventes explicando que as saídas de emergência estavam fechadas.

A Organização Mundial do Trabalho (OIT) fez nesta sexta-feira um apelo às autoridades de Bangladesh e às representações sociais deste país para que ajudem a criar locais de trabalho seguros.

"O desabamento do imóvel ilustra o fato de que a segurança dos trabalhadores, em todo o mundo, só pode ser garantida com uma cultura de segurança que esteja presente em todos os segmentos da sociedade", disse um porta-voz da OIT, Hans von Rohland.

"A OIT convoca o governo, os empregadores e os sindicatos a continuarem trabalhando juntos e aumentarem os esforços para oferecer locais de trabalho seguros aos trabalhadores de Bangladesh", acrescentou.

O desabamento do edifício "mostra a necessidade urgente de melhorar a proteção da saúde e segurança dos trabalhadores em Bangladesh", afirmou a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

"Dado o longo registro de mortes de trabalhadores em fábricas de Bangladesh, esta tragédia era infelizmente previsível", disse Brad Adams, diretor da região da Ásia da HRW.

Com muitas das 4.500 fábricas do país já fechadas nesta sexta-feira devido aos protestos e ao medo de danos, as manufaturas declararam que não funcionarão no sábado e os sindicatos convocaram uma greve para domingo para exigir melhores condições de trabalho.

"Basta. É hora de o governo agir. Eles deveriam salvar os trabalhadores têxteis, não os proprietários das fábricas", disse Mosherafu Mishu, líder de um sindicato de trabalhadores de indústrias têxteis, durante um protesto em Daca.

Em meio à frustração pela falta de progresso no tema, em certo momento milhares de parentes se dirigiram ao local do desastre, o que fez a polícia utilizar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

"O odor é tão fétido, às vezes sentimos vontade de vomitar. É difícil tralhar mais de 20 minutos seguidos", contou Mohammad Taraq, trabalhador que se somou às centenas de voluntários que trabalham dia e noite no resgate.

No Hospital Universitário Enam, nas proximidades, médicos lutavam para tratar cerca de 1.200 pessoas internadas desde a manhã de quarta-feira, muitas das quais com membros amputados e ferimentos tão complexos que exigiam amputações.

"Alguns têm gangrena", disse o médico Hiralal Roy à AFP.

A polícia, por sua vez, fez uma série de buscas para encontrar os donos da fábrica e os proprietários do edifício depois que o primeiro-ministro Sheikh Hasina prometeu levá-los à justiça.

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