ARTE

Encenação no trânsito chama atenção contra agressão a idoso

A intervenção artística Na Faixa, realizada por um equipe de oito atores (da trupe paulistana Coletivo Pi), foi promovida pelo Sesc Piracicaba

Marcelo Rocha
marcelo.rocha@gazetadepiracicaba
20/06/2015 às 17:52.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:30
Atores da trupe paulistana Coletivo Pi realizam performance sobre a faixa de pedestre, em frente ao TCI  ( Del Rodrigues/ AAN)

Atores da trupe paulistana Coletivo Pi realizam performance sobre a faixa de pedestre, em frente ao TCI ( Del Rodrigues/ AAN)

O desafio era durante 30 segundos – tempo de parada dos veículos nos semáforos – apresentar um rápido número cênico para chamar a atenção dos transeuntes sobre um grave e silencioso problema social: a agressão contra idosos, que, no caso do Brasil, corresponde a 34% das queixas desta população. Na sexta-feira, 19, o projeto, denominado Na Faixa, deixou muita gente curiosa nas ruas do Centro. A intervenção artística Na Faixa, realizada por um equipe de oito atores (da trupe paulistana Coletivo Pi), foi promovida pelo Sesc Piracicaba, como uma das ações da Campanha de Conscientização da Violência contra Pessoa Idosa. No total, 10 esquetes foram encenadas pela companhia em duas sessões: pela manhã na esquina das avenidas Luciano Guidotti e Independência e à tarde em frente ao Terminal Central de Integração (TCI). Numa delas, um casal de atores protagoniza um pedido de casamento sobre a faixa de pedestres, com direito ao hasteamento de uma placa com os dizeres como “quer se casar comigo?”, a entrega de flores à dama e até uma valsa final. Tudo em meio minuto e sob olhares de curiodade e espanto. “Cada coisa que a gente vê...”, declarou uma apressada senhora que andava na rua Rangel Pestana, em frente ao TCI. Já Teresinha Tabai Lavandosque, 65 anos, aprovou a performance romântica. “Eu achei ótimo, o amor não tem idade”, opinou.Em outra divertida cena, dois atores travestidos de idosos transformando-se em espadachins e digladiam com suas bengalas, antes de selarem a paz. “Acho interessante esse tipo de ação, além da violência seria importante tratar a questão da mobilidade, porque o idoso perde a destreza e os reflexos”, afirma Ary Werneck, 81 anos, que é morador do Lar dos Velhinhos há 11 anos e que passava pelo local. “Infelizmente, hoje não se tem mais respeito com o idoso”, analisa Maria Dorairte Oriani Passuelo, 62 anos, que diz possuir amigos que já sofreram algum tipo de violência física. De acordo com Pâmella Cruz, uma das diretoras do Coletivo Pi, de São Paulo, a ideia das esquetes é “trazer uma cena inusitada para a rotina da cidade”. “Queremos chamar a atenção das pessoas para nossas relações na cidade”, explica. Para Adriano Antônio da Costa, técnico de programação do Sesc Piracicaba, a intervenção “é uma forma lúdica e divertida de chamar a atenção para esta questão da violência contra a pessoa idosa”. “Que bordel que é isso aí?”, perguntou o bem-humorado José Maria Rinaldi, 72 anos, que realizava compras num varejão. Segundos antes, o grupo havia realizado um grande e sonoro abraço coletivo sobre a faixa de pedestres. “Vi de relance, penso que é uma coisa boa que para por alguns instantes o comércio e deixa o povo mais feliz”, fala Rinaldi, que, na sequência, define o perfil necessário para as artes cênicas: “Para trabalhar no teatro é preciso duas coisas: uma cara para sorrir e outra para bater”.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por