Casado, pai de três filhos com idade entre 23 e 27 anos, Leitão contrata funcionários, compra vacinas e administra hospitais em vários países
O empresário Marcos Leitão, de Santa Bárbara D'Oeste, esteve em lugares que a maioria das pessoas só vê por meio do noticiário na televisão ou em documentários. Vivenciou o pior lado do homem, mas também conheceu de perto o poder do amor que move uma legião de mais de 20 mil heróis anônimos. Há três anos ele integra a equipe da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), uma entidade independente que oferece ajuda médica e humanitária a cerca de 65 países ao redor do mundo.
Casado, pai de três filhos com idade entre 23 e 27 anos, Leitão contrata funcionários, compra vacinas e administra hospitais em vários países. Acompanhou de perto o drama de populações que sofrem com guerras e desastres naturais. Ele conta que se interessou pelo trabalho em 2010, quando viu o atendimento dado às vítimas do terremoto que devastou o Haiti. “Eu acompanhava as notícias pela televisão e lembro de ter visto cargueiros pousando no local com médicos, remédios e estrutura para atender as vítimas. Fiquei impressionado e descobri que era a Médico Sem Fronteiras. Ai decidi que queria participar e enviei o meu currículo” , lembra.
O empresário diz que pouco tempo depois de ter a sua inscrição aceita, fez um curso em Amsterdã e quando se preparava para voltar ao Brasil foi convidado para a sua primeira missão, uma campanha de vacinação contra meningite no Niger.
Durante a sua primeira missão, que durou quatro meses, ele pensou que o trabalho seria mais fácil. “Foi um choque cultural muito grande, você tem contato com pessoas de nacionalidades diferentes”. A mudança de realidade também foi gigantesca.
O conforto da sua casa cedeu espaço para alojamentos muitas vezes improvisados e em meio à selva. Apesar das dificuldades, Leitão voltou apaixonado pelo trabalho. Desde então, não parou de viajar com a organização.
Além de Níger, o empresário participou de missões no Afeganistão, Haiti, Guiné Bissau, Amazonas e Sudão do Sul. “Chegamos ao Haiti no auge da epidemia de cólera, foi uma situação espantosa. Havia muita gente doente. O cheiro no alojamento era horrível. Mas o que mais me espantou foi a capacidade de adaptação do ser humano. Dois dias depois de chegar eu já nem reparava no cheiro” , conta.
Ficou três meses no Amazonas atendendo haitianos que são trazidos ao Brasil pelos chamados coiotes, homens que cobram uma quantia para transportar refugiados na fronteira. “Eles chegam aqui achando que terão trabalho e que podem ajudar a família no Haiti, mas acabam morando em condições desumanas”. No Amazonas, a entidade distribuiu kits de higiene e tratou os expatriados. “Saimos de lá quando o governo começou a cuidar da questão” , diz.
Em Guiné Bissau a missão foi tratar uma epidemia de cólera. “O legal é que nessa missão podemos ver rapidamente a mudança na vida das pessoas. Os resultados vieram muito rápido” , lembra.
A missão do Afeganistão foi uma das mais burocráticas. Leitão ficou na sede da entidade em Cabul porque o hospital em que iria atuar foi bombardeado. “Voltei de lá apaixonado pelo povo afegão, eles são ótimos” , conta.
Próxima parada
O próximo desafio é a República Democrática do Congo, para onde embarcou ontem. Além dos livros, filmes e do computador com músicas e imagens da família, Leitão leva na bagagem a certeza de que pode mudar a vida de muitas pessoas e fazer a diferença.