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Empresa liga morte de peixes a incêndio de tanques em Santos

Relatório da Cetesb aponta alteração na qualidade do ar; nesta segunda, equipamento do Exército deve monitorar o ar na região

Alcione Herzog
06/04/2015 às 11:09.
Atualizado em 23/04/2022 às 16:49
No quinto dia de incêndio nos tanques de combustíveis da empresa Ultracargo a intensidade das chamas diminuiu, mas os prejuízos ao meio ambiente local já são visíveis (Divulgação/ Instituto Ecofaxina)

No quinto dia de incêndio nos tanques de combustíveis da empresa Ultracargo a intensidade das chamas diminuiu, mas os prejuízos ao meio ambiente local já são visíveis (Divulgação/ Instituto Ecofaxina)

No quinto dia de incêndio nos tanques de combustíveis da empresa Ultracargo a intensidade das chamas diminuiu, mas os prejuízos ao meio ambiente local já são visíveis.Um laudo preliminar da Ultracargo, enviado à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e divulgado neste domingo (5) apontou que a poluição na água da região é a causa das centenas de peixes mortos que começaram a aparecer no canal do estuário e em mangues próximos ao local do incêndio, no último sábado (3).Análises preliminares indicam que os peixes morreram por que com a poluição causada pela queima dos combustíveis, a água passou a apresentar baixa oxigenação e temperatura elevada. Não há uma estimativa de quantos peixes foram mortos. O gerente da Cetesb na Baixada Santista, César Eduardo Padovan Valente, diz que além da baixa oxigenação e o aumento da temperatura da água, outro fator que colaborou para a morte dos peixes foi o sistema de escoamento da água usada para conter as chamas. O líquido usado para resfriar os tanques acaba sendo despejado diretamente no Canal do Estuário. Essa água está contaminada com combustível. A estimativa do Corpo de Bombeiros é que nos cinco dias de combate ao alastramento do fogo foram usados 5 bilhões de litros de água, bombeadas diretamente do canal do estuário por sete rebocadores.A Secretaria do Meio Ambiente vai apurar as infrações ambientais cometidas pela Ultracargo, já que o município possui duas leis nessa área. A primeira é a Lei 1665/98, que define acidente poluidor e dispõe sobre a aplicação de penalidades aos causadores.Já a Lei Complementar 817, de 10 de dezembro de 2013, pune de forma mais severa as empresas geradoras de impactos ambientais. O foco do dispositivo legal é a prevenção à degradação ambiental, proteção à fauna e a flora, controle da poluição do ar, da água e do solo.As multas podem variar de R$ 50,00 a R$ 50 milhões, podendo ser cumulativas e em conjunto com outras sanções administrativas. As infrações são punidas com multas simples, multa diária, embargo da atividade, suspensão parcial ou total de atividades e até restritiva de direitos.DiminuiçãoDe acordo com a Prefeitura de Santos, que montou um gabinete de crise para concentrar as decisões com relação em incêndio, atualmente há apenas um tanque em chamas e outro com fogo apenas no topo. Apesar de nesta manhã, de acordo com os bombeiros, ter ocorrido um vazamento de combustível nos diques de contenção e o aparente aumento do fogo, a expectativa é que os trabalhos se encerrem nesta terça-feira (7).Neste domingo (5), os bombeiros mudaram de estratégia e conseguiram eliminar o incêndio em dois tonéis, um contendo etanol e o outro, gasolina. No total, seis reservatórios foram atingidos. O comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Coronel Marco Aurélio Alves Pinto, explica que foram trazidos para a Alemoa 30 mil litros de espuma que ainda podem ser utilizados. Outros 25 mil litros chagariam nesta segunda-feira (6) na Cidade, para serem usadas, se necessário.Neste período, 16 pessoas passaram mal, foram atendidas e liberadas. O acesso ao Porto de Santos continua fechado pelo km 64 da Rodovia Anchieta.No sábado (4), o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), solicitou auxílio federal, que disponibilizou uma plataforma marítima da Petrobras para bombear água. “Já contávamos com um caminhão da Petrobras, agora teremos mais três caminhões, além de outros três equipamentos de auxilio”, explicou.IncêndioO incêndio na empresa Ultracargo começou por volta das 10h de quinta-feira (2). As causas ainda são desconhecidas. Várias explosões foram ouvidas na quinta e sexta-feira e também no sábado. Não houve vítimas fataisCaminhõesEstá impedida a chegada de caminhões do Planalto em direção à Margem Direita do Porto (Santos). A restrição começou a vigorar à zero hora desta segunda (6) hoje e será reavaliada até o final do dia. A medida visa de impedir que se forme uma fila de veículos pesados na entrada da Cidade.

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