SECRETÁRIO NA CÂMARA

Em sessão interrompida, Nalini explica pouco a vereadores

Ele admitiu um erro de "datilografia" de R$ 117 milhões nos números; manifestação solitária levou a interrupção das explicações

Guto Silveira
13/09/2013 às 10:52.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:43

Em depoimento na noite desta quinta-feira (12), na Câmara Municipal, o secretário da Fazenda, Francisco Nalini, pouco explicou aos vereadores sobre as finanças da Prefeitura. Admitiu que não consegue prever se haverá déficit financeiro e assegurou que o orçamentário encerrará o ano equilibrado. Convocado por requerimento da vereadora Gláucia Berenice (PSDB), o secretário ainda justificou diferentes números de déficit em função de um erro de “datilografia”. De R$ 117 milhões, escrito em duplicidade.Depois de ouvir e assistir a uma explanação de cerca de dez minutos da vereadora tucana, já com questionamentos, o secretário não respondeu os motivos de já no dia 2 de janeiro deste ano a Prefeitura ter pago cerca de R$ 10 milhões da folha de salários (cerca de 20% do total), quando o recebimento dos servidores se dá no último dia útil do mês. Também não respondeu se houve cancelamento de notas fiscais no final de 2012 com reemissão em 2012. “Com o grande volume de notas, seria um risco eu afirmar que houve cancelamento ou que não. E se houve eu não saberia os motivos, porque a Secretaria da Fazenda é um órgão pagador, não executor”, disse. Os vereadores também questionaram o grande volume de cancelamento de empenhos. Segundo o vereador Ricardo Silva (PDT), de 1º de outubro a 28 de dezembro do ano passado foram cancelados 1.606 empenhos, com valor de R$ 99,4 milhões. “Esse valor é 11 vezes maior que o praticado em 2011”, afirmou. Nalini disse que foi realizada uma “força tarefa” para verificar se o que estava sendo empenhado estava mesmo sendo realizado. Também explicou que é comum o cancelamento de empenhos, porque muitos são feito já no início do ano e às vezes não se concretizam. Deixou de explicar, no entanto, porque o aumento em 2012 foi tão grande, justamente o último ano de mandato, quando os restos a pagar precisam ter os recursos devidamente reservados, por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Fora da realidadePara Gláucia Berenice, o secretário não respondeu aos questionamentos dos vereadores por ter usado “outros indicadores”. “Minha fonte é o Diário Oficial do Município. Agora ele mostra quase uma alquimia ao dizer que não há déficit. É uma visão tão otimista que não condiz com a realidade”, disse a vereadora. Sobre o grande volume de pagamentos a servidores já no início de janeiro, ela disse ter recebido vários telefonemas de funcionários da Prefeitura afirmando que não haviam recebido todo o pagamento em dezembro do ano passado. “Uma professor me disse que havia apenas R$ 200 depositado em sua conta no dia do pagamento. Estavam pagando picado”, afirmou. O secretário deixou a sessão sem dar entrevistas e disse que os questionamentos devem ser enviados à Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da Prefeitura. ManifestaçãoDepois da sessão ter início cerca de 45 minutos depois do previsto, com votações de ata e requerimentos que durou mais cerca de dez minutos, acabou interrompida às 19h45 (iria até as 20h) em função de uma manifestação de um homem que assistia ao depoimento do secretário. Nelson Magalhães começou a gritar, das galerias, que o depoimento era uma “encenação” porque os vereadores todos conhecem a situação da Prefeitura. Acusou a prefeita e os vereadores de serem responsáveis por “quebrar” a cidade. Também chamou o presidente Cícero Gomes da Silva (PMDB) de ditador, que pediu a um Guarda Civil Municipal para retirar o manifestante do local. Nelson disse que não sairia. “Aqui é minha casa. É a casa do povo. Pode me bater, mas não saio”, disse ao guarda. O presidente Cícero Gomes ainda falou em chamar a Polícia Militar, mas em seguida decidiu encerrar a sessão por falta de ordem. “Está previsto no Regimento Interno”, disse Cícero, após encerrar a sessão. No momento do encerramento estava na tribuna para fazer sua pergunta o vereador Jorge Parada (PT). O inscrito seguinte, e último, seria Marcelo Gasparini (PSDB). Além de Gláucia, fizeram perguntas Marcos Papa (PV) e Ricardo Silva. Nenhum governista se inscreveu para fazer perguntas. 

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