EPIDEMIA NA CIDADE

Em oito semanas, Campinas soma 8 mil casos de dengue

Região atendida pelo Centro de Saúde do Jardim Eulina continua sendo a mais crítica, com 565 infecções confirmadas

Da Redação
27/02/2024 às 10:03.
Atualizado em 27/02/2024 às 10:03

Equipe multisetorial da Prefeitura que atua e dá suporte aos mutirões realizados quinzenalmente assistem com atenção às explicações do coordenador do Programa de Arboviroses da Secretaria de Saúde, Fausto de Almeida Marinho Neto (Adriano Rosa)

Campinas atingiu na segunda-feira (26), pela manhã, o total de 7.967 casos de dengue na cidade nas primeiras oito semanas epidemiológicas de 2024, o que dá uma média diária de 142 casos. No mesmo período do ano passado, os casos acumulados somavam 707. A Região Sudoeste é a líder com 1.835 notificações, seguida pelas regiões Norte (1.597), Noroeste (1.334), Leste (1.176), Suleste (1.068) e Sul (874 casos).

De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, da Secretaria Municipal de Saúde, o Centro de Saúde do Jardim Eulina continua concentrando a maior incidência por 100 mil habitantes (2.677). Em segundo lugar está a região atendida pelo CS da Vila 31 de Março (2.087) e pelo CS do Jardim Lisa (1.744). Em números absolutos, são 565 casos, 165 e 146 respectivamente. Ainda não há óbitos confirmados para a doença neste ano. Na semana passada, o município revelou que um homem da região da Vila Costa e Silva foi o primeiro infectado por chikungunya, tendo contraído a doença, transmitida pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti, em Minas Gerais. 

O perfil das pessoas que contraíram dengue na cidade em 2024 se mantém desde o início do ano, com predominância entre os brancos (3.704) e negros (2.305), sendo que em 1,9 mil casos não há essa informação. 

Em relação à faixa etária, destacam-se infecções entre pessoas com idade de 20 a 29 anos (1.659), 30 a 39 (1.405) e 40 a 49 (1.318). A pior epidemia de Campinas, até agora, foi registrada em 2015, quando o município registrou 66.577 pessoas com dengue e 14 mortes.

MUTIRÃO

No último sábado foi realizado o 5º mutirão de 2024 contra a dengue no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e chikungunya. Os agentes de saúde percorreram imóveis dos bairros Vila Vitória, Mauro Marcondes, Vida Nova I, Vida Nova II e Parque Aeroporto. A ação durou quatro horas. Do total de imóveis visitados, 3,8 mil foram trabalhados, enquanto 2,3 mil (39%) deixaram de ser acessados porque os espaços estavam fechados, desocupados e por conta das recusas de moradores às equipes que fazem visitas para realizar os trabalhos.

Na ação, funcionários da área de Serviços Públicos recolheram 1,5 tonelada de resíduos e entulhos descartados irregularmente em áreas públicas, e 108 bocas de lobo foram limpas. Já trabalhadores da Sanasa atuaram para distribuir folhetos informativos à população.

O prefeito em exercício, Wanderley de Almeida (PSB), participou do mutirão. “É um trabalho de convencimento da população, pois 80% dos criadouros estão dentro das residências. Nós não vamos vencer esta batalha se não tiver o apoio e a participação da população”, enfatizou Wandão, como é conhecido.

De acordo com a assessoria de imprensa da Saúde, os locais foram selecionados por causa do número de casos confirmados ou suspeitos de dengue nos últimos 14 dias. “O objetivo desse tipo de ação é mobilizar a população para mais cuidados, especialmente com os resíduos: jogar lixo nos locais corretos, destiná-los ao ecoponto e não utilizar terrenos baldios são tarefas importantes para evitar criadouros e reduzir casos.”

O coordenador do Programa de Arboviroses da Secretaria de Saúde, Fausto de Almeida Marinho Neto, explicou que o mutirão é uma chamada para que a população faça parceria com o poder público na luta contra o mosquito da dengue.

Segundo ele, na ação do último sábado foram realizadas três ações. Em uma delas, os agentes percorreram as casas e orientaram sobre os cuidados e prevenção de focos do mosquito. Na segunda, as equipes atuaram nos comércios com orientações específicas para os comerciantes. Já na terceira, as equipes agiram em 12 pontos onde foram identificados trabalhadores que lidam com resíduos, catadores e recicladores para orientá-los quanto aos cuidados. 

“O número de casos de dengue está em ascensão, então é muito importante que todos estejam trabalhando juntos para conseguir diminuir o impacto da doença", disse o coordenador.

O último mutirão reuniu mais de 130 agentes da Saúde, incluindo trabalhadores da empresa Impacto Controle de Pragas, que atuam nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros. Eles usaram uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. O caminhão cata-treco também fez parte da ação. Os agentes contaram com a colaboração da população que, em caso de dúvidas, deve acionar a Defesa Civil pelo telefone 199.

A auxiliar de limpeza Terezinha de Fátima Soares abriu os portões de sua casa para que a agente de saúde pudessem entrar e auxiliá-la sobre a presença de possíveis focos de mosquitos. "Vou me desfazer de todos os locais que podem ser criadouro de mosquito, como os pratinhos de plantas, que podem acumular água, para prevenir", disse a moradora do bairro Vida Nova. 

A Administração repetiu a estratégia de usar drones para localizar grandes criadouros do mosquito Aedes aegypti, como piscinas e caixas d'água em imóveis identificados como desocupados ou em situação de abandono. Com isso, chaveiros podem ser acionados. Esta medida está respaldada em decisão judicial de 2020, proferida nos autos do processo judicial n.º 1005810-97.2014.8.26.0114, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas.

Os próximos mutirões já têm datas definidas. Os locais, contudo, serão definidos mais próximos de cada agenda, conforme a situação epidemiológica verificada pela Saúde. Eles serão realizados nos dias 9 e 23 de março e 6 de abril.

Na primeira semana de fevereiro, a Saúde recebeu a confirmação dos primeiros casos de dengue na cidade causados pelos sorotipos 2 e 3 do vírus, que não circulavam na cidade desde 2021 e 2009, respectivamente. As amostras de sangue dos pacientes foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz, e antes disso a metrópole só havia registrado o sorotipo 1. A circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue ocorre pela primeira vez em Campinas. Os grupos mais vulneráveis para os sorotipos 3 e 4 são crianças, adolescentes e adultos que não tiveram contato com a doença e com estes sorotipos. Há risco maior de dengue grave quando uma pessoa é infectada por tipo diferente ao anterior. Por enquanto, não houve identificação do sorotipo 4 do vírus da dengue em Campinas. Ele não é registrado na cidade desde 2014, mas já causou infecções em outros municípios.

ORIENTAÇÕES

A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação.

Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em uma das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Neste ano, agentes de Saúde já visitaram 18,4 mil imóveis em quatro mutirões e ações de visitas às residências que antecederam estes trabalhos específicos para orientar a população e eliminar criadouros do mosquito transmissor da doença. Além disso, somente em 3 de fevereiro, um mutirão da Secretaria de Serviços Públicos recolheu 1,4 mil toneladas de lixo e entulho descartados irregularmente em áreas públicas de Campinas.

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