ZEZA AMARAL

Em nome da competência

17/02/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:21

O papa renunciou. E ateus fundamentalistas se abrasaram, feministas se despiram dentro da Catedral de Notre Dame, em Paris, e a Igreja segue com seus dogmas e com os seus fieis rezando nos templos, recebendo a hóstia e o perdão nos confessionários.Batizado e coroinha, passei os melhores momentos da minha infância frequentando as missas, catecismos e as matinês do Liceu Salesiano. E lá também aprendi as primeiras lições sobre as leis de Deus e, pouco ou quase nada, sobre as leis dos homens. Não tinha mais de quinze anos quando resolvi aprender mais sobre os homens por conta de não conseguir entender os propósitos divinos e, assim, desisti da Eternidade em nome da minha Mortalidade, o que me levou a fazer da vida uma grande aventura e desejar que todos mereciam o mesmo prazer.Tantos prazeres e dúvidas se passaram e hoje sou agnóstico e ainda invejoso da fé das pessoas que vejo entrando nas Igrejas ou orando nos velórios, casamentos e batizados.O papa renunciou e leio nos jornais muitas esquisitices sobre a Igreja Católica, muitas que eu mesmo andei espalhando na minha adolescente ignorância sem saber das responsabilidades que pesam nos ombros dos homens que renunciaram à vida mundana para servir à Igreja solidária e protetora dos direitos dos homens, em uma ação política que remonta mais de dois mil anos e que muito ajudou em organizar o mundo civilizado, quer no despertar da democracia e, sobretudo, no respeito à vida humana.As moças que invadiram a Catedral de Notre Dame para ridicularizar a renúncia papal são emblemas da covardia dos homens, crentes ou não, que nada falam contra as centenas de milhares de católicos assassinados mundo afora por conta de suas convicções — principalmente no Irã, dominado pelo ditador e facínora Ahmadinejad, que o ex-presidente Lula (que sempre se diz católico) a ele se refere como “íntimo amigo”.Leio artigos criticando a Igreja Católica e muitos lembrando a Inquisição como se ela tivesse acontecido na semana passada. Vigarice intelectual, histórica, de ateus fundamentalistas ou de comunistas costumizados. O fato é que as Atas do Simpósio Internacional Sobre a Inquisição, assinadas por trinta historiadores das mais diversas confissões religiosas, atendendo a uma proposta da própria Igreja Católica, demonstraram que os “milhões de vítimas” da Inquisição eram uma farsa. Só para focar na mais “cruel” das Inquisições, a espanhola, os documentos dos arquivos da Congregação do Santo Ofício e da Congregação do Índice revelaram que “dos 125.000 processos dos tribunais eclesiásticos”, a Inquisição Espanhola condenou à morte 59 “bruxas”. Para efeito de comparação, na Itália foram condenadas 36 mulheres e em Portugal, 4 delas. Qualquer morte é um absurdo, é claro, mas absurdo maior é a vigarice intelectual de ateus fundamentalistas que da história da Igreja não pisaram o primeiro degrau.O papa renuncia e os mamulengos do fundamentalismo ateu-comunista continuam sem se lembrar que seus líderes revolucionários, Stálin, Mao e a famiglia Castro, por exemplo, mataram cerca de cem milhões de inocentes em apenas nove décadas.Agnóstico, não estou aqui defendendo o papa que disso ele não precisa. Apenas defendo o direito das pessoas acreditarem no que as confortam e apenas isso. E na Casa do papa manda ele e seus fieis. E nos fatos mandam os documentos que historiadores, em outubro de 1998, tiveram amplo acesso. E respeito é bom e todo mundo gosta.Bom dia.

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