Em 'Estratosférica', Gal Costa celebra 50 anos de carreira

Gal Costa apostou nos compositores da nova geração em 'Estratosférica', álbum com 15 canções inéditas. Nomes como Céu, Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Criolo dividem os créditos do repertório com os veteranos Gilberto Gil, Tom Zé e Caetano Velloso.  Sofisticada e moderna, a cantora traz novamente a interessante pegada rock’n’ roll incorporada à música popular e celebra sem nostalgia os 50 anos de carreira. Com o domínio adquirido pela experiência, mergulha com igual desenvoltura tanto nas músicas doces, como 'Amor se Acalme', uma canção de ninar feita por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Cezar Mendes, quanto na visceral 'Jabitacá' (nome de uma serra na divisa entre Pernambuco e Paraíba), composta por Lira, ex-líder da banda Cordel do Fogo Encantado, Bactéria e Junio Barreto. Cada faixa tem sua particularidade, mas cabe um destaque à interessante — e inesperada — parceria de Milton Nascimento e Criolo em 'Dez Anjos'. A sincronia dos artistas deu certo, tanto que gerou a turnê 'Linha de Frente', que eles fizeram juntos no ano passado. E ainda Caetano Veloso, que inaugura uma parceria com o filho Zeca em 'Você me Deu'. O lançamento de 'Estratosférica' está sendo feito de um modo diferente do convencional. O novo trabalho será disponibilizado em três formatos: um vinil, ainda não lançado, com 12 faixas; um CD com 14 faixas — além das canções do LP, o formato traz as composições 'Muita Sorte' (Lincoln Olivetti e Rogê) e 'Ilusão à Toa' (Johnny Alf); e duas outras faixas somente para digital ('Vou Buscar Você pra Mim', de Guilherme Arantes, e 'Átimo de Som', de Zé Miguel Wisnik e Arnaldo Antunes). Gal Costa conversou com o Caderno C sobre o novo trabalho.Caderno C — As músicas foram encomendas para os compositores ou eles te ofereceram? Se vale a segunda opção, o que te motivou para a escolha dessas 14 faixas? Marcus Preto foi o responsável pela caça ao repertório. Ele foi pedindo músicas aos compositores que conhecia, que gostava. E eles foram mandando várias opções e fomos ouvindo, escolhendo, até chegar nessas músicas. Queria cantar um repertório novo, de gente jovem ou de uma geração mais nova do que eu, que está há muito tempo na carreira, mas que eu não tivesse gravado. Nunca tinha cantado e gravado uma geração mais nova que a minha, e adorei.Entre os compositores, muitos jovens, já conhecidos, mas que figuram no novo cenário da música brasileira. Qual a intenção de gravá-los? Eu acho importante e interessante devolver a essa nova geração uma música deles, gravada por mim. Eles bebem na minha fonte, assim como eu me influenciei por outros artistas quando comecei.Ao lado desses jovens está o seu antigo parceiro Caetano Veloso. É importante ter ao menos uma canção dele no disco? As composições dele são como um tiro certeiro, um porto seguro? Minha identificação musical com Caetano é difícil de acontecer. Ele compõe para mim como ninguém. Tanto o que faz especialmente para mim, como outras que fez para outras pessoas e eu me apropriei, como 'Força Estranha', que era para o Roberto Carlos e eu tomei posse.Você declarou que 'Sem Medo de Esperança' é como uma canção autobiográfica. Por que se identifica com ela? E por que abrir o disco ela? Antonio Cícero fez o poema e a letra pensando no meu momento. E eu acho maravilhosa a música, por isso escolhemos abrir o CD com ela. Eu exigi que fosse essa canção, porque ela fala de mim, é quase autobiográfica mesmo.Neste 50 anos de carreira, você sente que alcançou a satisfação profissional ou ainda se cobra para chegar mais longe? Não me cobro nada. As coisas na minha vida sempre aconteceram naturalmente. Por enquanto, estou vivendo meu momento, esse momento 'Estratosférica'.'Vou Buscar Você pra Mim' e 'Átimo de Som' não foram gravadas para o CD? Só para iTunes? Por quê? Nós vamos lançar 'Estratosférica' de três formas diferentes: CD, vinil e digital. A gravadora optou por deixar as duas para a versão só digital, como um bônus num futuro bem próximo. Eu adoro as duas músicas e tenho certeza que os fãs vão adorar também.