A Sanasa, uma empresa de economia mista, se tornou um benchmark (modelo) em tratamento de água e saneamento
Diferentes correntes do pensamento político e econômico debatem qual é o tamanho ideal do Estado. Alguns defendem uma intervenção maior na economia, com a participação em setores considerados estratégicos como água, energia elétrica e petróleo, por exemplo. Outros, de linha neoliberal, preferem uma participação mínima ou quase zero.
A discussão é antiga. Remonta aos tempos da Revolução Francesa, quando surgiram os termos direita e esquerda. Enquanto a burguesia buscava apoio dos pobres para diminuir o poder da nobreza e do clero, a classe mais rica não gostou da ideia e para não se misturar, começou a sentar do lado direito da Assembleia Constituinte. Dessa forma, ficou historicamente definido que pautas da esquerda representariam a causa trabalhista, enquanto as da direita estariam mais ligadas ao tradicionalismo conservador.
Seguindo a linha do tempo, após duas guerras mundiais, uma depressão econômica (1929) e uma tragédia sanitária, a gripe espanhola, surgiu o New Deal (Novo Acordo), um programa econômico norte-americano que se caracterizou por um maior controle das instituições financeiras, realização de obras de infraestrutura, liberação de créditos agrícolas, incentivo à organização sindical e a criação de mecanismos de proteção social.
Avançando ainda mais no tempo, chegamos a duas personalidades importantes para a difusão da imagem da direita no mundo: Margareth Thatcher e Ronald Reagan. Essas figuras foram responsáveis por políticas austeras em seus respectivos países, Reino Unido e EUA, com o intuito de combater a recessão econômica, reduzindo o tamanho do Estado e automaticamente indo de encontro aos interesses da população.
No Brasil, a bandeira das privatizações tremula com mais força. Mas em Campinas, uma empresa estatal prova que pode ser eficiente e ainda prestar um serviço de qualidade aos seus clientes. É o que revela uma pesquisa de satisfação, feita pelo INDISAT (Indicador de Satisfação dos Serviços Públicos), que aponta a água de Campinas como a melhor entre as maiores cidades do Estado de São Paulo.
A autora deste resultado é a Sanasa, uma empresa de economia mista, controlada pela Prefeitura de Campinas, que ao longo de sua história se tornou um benchmark (modelo) no setor de saneamento, tratamento e fornecimento de água. A lição que podemos tirar do case Sanasa é de que não se trata de defender nem Estado mínimo, nem máximo, mas sim o Estado necessário.