ORIGINAL

Em defesa da Mata de Santa Genebra

ONG une esforços pela preservação do maior remanescente de vegetação atlântica de Campinas

Projeto Ambiental
18/10/2013 às 14:58.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:33

Vanessa Tanaka*  As diversas entidades ligadas ao meio ambiente em Campinas e região trabalham de forma efetiva e diversificada para atender às necessidades que englobam a preservação e, dessa maneira, suas ações acabam por complementar umas às outras. A SOS Mata Santa Genebra, organização não governamental (ONG) e sem fins lucrativos, faz a sua parte ao atuar efetiva e permanentemente em defesa do remanescente florestal, seja em participações no Conselho da Fundação José Pedro de Oliveira e demais debates ou em ações de conscientização, nas quais aposta nos próprios recursos naturais para levar às comunidades a importância da conservação.  Segundo o presidente da ONG, Victor Petrucci, a entidade possui uma cadeira no conselho da fundação e, por ela, leva as preocupações da sociedade, de seus associados e de sua diretoria, que estão integrados em diversos conselhos e outras entidades em defesa da mata. “Além de presidente da SOS, sou relator da Comissão de Análise de Território do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), que é um órgão deliberativo e dá pareceres sobre licenciamento ambiental em Campinas”, diz. Os demais diretores integram outros conselhos, como o Conselho da Cidade de Campinas (ConCidade), Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU) e Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental de Campinas (Congeapa).  De forma constante, os voluntários são vigilantes na defesa da zona de amortecimento da mata, que deve ser de no mínimo dois quilômetros, e na luta pela não instalação de empresas de mineração em seu entorno, já que há vários pedidos protocolados para lavra mineral na área. Disposta a defender a natureza, a ONG surgiu como um movimento da sociedade civil de Barão Geraldo há quatro anos, como uma forma de pensar coletivamente a importância e a defesa intransigente da mata. Posteriormente, passou a ter personalidade jurídica. O fato de possuir um dos integrantes da diretoria inicial como membro no conselho da Fundação José Pedro fez a entidade ter mais respaldo popular e ganhar forças na ampliação da necessidade de proteção.  Segundo Petrucci, o trabalho prestado também se estende às comunidades do entorno, já que alguns integrantes da atual diretoria pertencem às associações de bairro, o que facilita e melhora a comunicação na hora de transmitir a mensagem de defesa da mata. Origem  A Mata de Santa Genebra é o que restou da propriedade originalmente conhecida como Fazenda Santa Genebra, cujo proprietário original foi o Barão Geraldo de Resende. A propriedade era muito extensa, abrangendo o distrito de Barão Geraldo e algumas áreas da cidade de Campinas, atualmente do outro lado da Rodovia D. Pedro I.  Uma das famílias compradoras da área, a Oliveira, manteve intacta a área de mata. O proprietário, José Pedro de Oliveira, que na época sofria de tuberculose, acreditava que dentro da floresta conseguia respirar melhor. Após a sua morte, a fazenda foi dividida entre os herdeiros e a viúva, Jandyra Pamplona de Oliveira, concretizou a doação da sombra da mata ao município em 1981, enfatizando seu desejo de que fosse conservada. Uma vez criada, a Área de Relevante Interesse de Ecológico (Arie) manteve o nome de Mata de Santa Genebra. Refúgio para mais de 1,4 mil espécies de plantas e animais  Reserva só pode ser usada para pesquisas e fins culturais Maior remanescente de Mata Atlântica de Campinas, a Santa Genebra é palco de muitas pesquisas que permitem conhecer melhor as espécies vegetais e animais da reserva. Em uma área de 251,7 hectares, abriga mais de 600 espécies vegetais e mais de 800 espécies animais. Lá podem ser encontrados mamíferos, aves, anfíbios, répteis, peixes e insetos variados.  O Termo de Doação da Mata de Santa Genebra ao Município de Campinas foi assinado no mesmo dia da criação da Fundação José Pedro de Oliveira, por meio da Lei Municipal nº 5118, de 14 de julho de 1981. Essa lei instituiu a fundação e determinou o uso da mata para fins estritamente científicos e culturais.  A área foi tombada em 1983 como patrimônio natural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), por meio da Resolução nº 3, de 3 de fevereiro de 1983. Em 1985, foi declarada Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) por meio do Decreto Federal nº 91.885, de 5 de novembro de 1985.  Em 29 de setembro de 1992, foi tombada novamente como Patrimônio Natural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc), por meio da Resolução nº 11.  Por ser uma Unidade de Conservação (UC) federal, a Arie Mata de Santa Genebra é subordinada ao Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente que administra as UC federais. O ICMBio, a Prefeitura Municipal de Campinas e a Fundação José Pedro firmaram, em 23 de fevereiro de 2010. O Termo de Reciprocidade nº 1/2010, referente ao processo administrativo 10/10/3261, que estabelece a gestão compartilhada da Arie.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por