A busca da humildade Há muitos anos atrás, vivia um homem que era capaz de amar e perdoar a todos que encontrava em seu caminho. Por causa disso, Deus enviou um anjo para conversar com ele. - Deus pediu que eu viesse visitá-lo, e lhe dizer que Ele quer recompensá-lo por sua bondade – disse o anjo. - Qualquer graça que desejar, lhe será concedida. Você gostaria de ter o dom de curar? - De maneira nenhuma – respondeu o homem. – Prefiro que o próprio Deus selecione aqueles que devem ser curados. - E que tal, trazer os pecadores para o caminho da Verdade? - Isso é uma tarefa de anjos como você. Eu não quero ser venerado por ninguém, e ficar servindo de exemplo o tempo todo. - Eu não posso voltar para o céu sem ter lhe concedido um milagre. Se não escolher, será obrigado a aceitar um. O homem refletiu um pouco, e terminou respondendo: - Então, eu desejo que o Bem seja feito por meu intermédio, mas sem que ninguém perceba – nem eu mesmo, que poderei pecar por vaidade. E o anjo fez com que a sombra daquele homem tivesse o poder de cura, mas só quando o sol estivesse batendo em seu rosto. Desta maneira, por onde passasse, os doentes eram curados, a terra voltava a ser fértil, e as pessoas tristes recuperavam a alegria. O homem caminhou muitos anos pela Terra, sem jamais se dar conta dos milagres que realizava, porque – quando estava de frente para o sol, a sombra estava sempre nas suas costas. Desta maneira, pode viver e morrer sem ter consciência da própria santidade. A força do desejo O yoga Ramakrishna ilustra, com uma parábola, a intensidade do desejo que precisamos ter: O mestre levou o discípulo para perto de um lago. - Hoje vou ensiná-lo o que significa a verdadeira devoção – disse. Pediu ao discípulo que entrasse com ele no lago, e segurando a cabeça do rapaz, colocou-a debaixo d’água. O primeiro minuto passou. No meio do segundo minuto, o rapaz já se debatia com todas as forças para livrar-se da mão do mestre, e poder voltar à superfície. No final do segundo minuto o mestre soltou-o. O rapaz, com o coração disparado, levantou-se, ofegante. - O Senhor quis matar-me! – gritava. O mestre esperou que ele se acalmasse, e disse: - Não desejei matá-lo – porque se desejasse, você não estaria mais aqui. Queria apenas saber o que sentiu, enquanto estava debaixo d’água. - Eu me senti morrendo! Tudo que desejava na vida era respirar um pouco de ar! - É exatamente isso. A verdadeira devoção só aparece quando só temos um desejo, e morreremos se não conseguirmos realizá-lo. O despertar da atenção Myiamoto Musashi, o célebre samurai que escreveu O livro dos cinco anéis, comenta: todas as pessoas do mundo estão sempre preparadas para se defender, porque vivem no medo e na paranóia de que os outros não gostam dela. Desta maneira, também nosso adversário – por mais brilhante que seja – é inseguro e reage com violência exagerada à provocação. Ao fazer isso, mostra todas as armas que tem, e ficamos sabendo onde está forte, e quais são os seus pontos fracos. Musashi chama esta técnica de “movimentar a sombra”. Na verdade, o guerreiro da luz não entra no combate, mas provoca um pouco, e a sombra de sua provocação confunde o adversário.