JULIANNE CERASOLI

Ele chegou chegando

Julianne Cerasoli
28/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:21
ig - JULIANNE CERASOLI (CEDOC)

ig - JULIANNE CERASOLI (CEDOC)

Aqueles momentos em que as câmeras buscam a tensão nos rostos dos membros das equipes antes que as luzes vermelhas se apaguem já não são mais os mesmos se ele não aparece. Maurizio Arrivabene comanda a Ferrari há apenas quatro corridas, mas se mostra tão à vontade, em um posto que fez duas ‘vítimas’ no último ano, que parece que sempre esteve ali.   Quando Arrivabene assumiu a chefia da Ferrari, em dezembro do ano passado, a situação era crítica: o astro do time, Fernando Alonso, estava de saída, dois chefes — Stefano Domenicali e Marco Mattiacci — tinham sido demitidos em oito meses, o presidente Luca di Montezemolo caíra após 23 anos e o time vinha da primeira temporada sem vitórias desde 1993.   Menos de cinco meses depois, o cenário não poderia ser mais diferente. Uma vitória política obtida no final do ano passado permitiu o desenvolvimento dos motores ao longo da temporada e abriu a brecha de que a Ferrari precisava para enfrentar a Mercedes. O time também melhorou o carro e contou com o ânimo novo injetado pela chegada de Sebastian Vettel para se tornar o único rival dos até então imbatíveis alemães.   Tudo isso, sob o pulso firme de Arrivabene, um daqueles chefes que apostam no corpo a corpo com seus funcionários para manter o controle. O italiano de 58 anos sempre foi do marketing e está envolvido com a Ferrari desde os anos 1990, quando trabalhava na Philip Morris, patrocinadora da Scuderia. Em 2010, tornou-se representante do time italiano na Comissão de F-1, principal organização política da categoria. Pela “compreensão não apenas da Ferrari, mas também dos mecanismos de governança do esporte”, foi indicado pelo presidente da Fiat e da Ferrari, Sergio Marchionne, à chefia.   O dirigente mostrou seu cartão de visitas nos testes de pré-temporada quando, depois de ter o acesso a seus convidados vetado no paddock, sentou com outros membros da Ferrari nas arquibancadas. O italiano vê a categoria mais como um show, quer aproximar os fãs, fala em carros “sexy” e motores “barulhentos como uma banda de heavy metal”.   Mas que ninguém se engane com o estilo que ora pende para o rock’n’roll, ora ganha ares de tarantella: Arrivabene não titubeia a pressionar seus pilotos abertamente ou a entrar em rota de colisão com o promotor da Fórmula 1. Afinal, foi recrutado justamente para isso: recolocar o time no caminho das vitórias e se certificar de que os italianos sigam influentes no cenário político da categoria. Pelo menos por enquanto, não poderia estar fazendo um trabalho melhor.

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