TADEU FERNANDES

E tenham um dia azul...

30/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 02:01

Nos últimos meses tenho viajado muito para participar de jornadas, congressos, reuniões e palestras. Semana passada estive em Curitiba e pude comprovar que nossos aeroportos não estão preparados para a atual demanda.Viracopos cresceu, em movimento e espaço, mas a infra-estrutura ainda deixa a desejar, começa pela falta de estacionamento, tudo lotado, vagas somente lá no fim do mundo, e haja coluna vertebral para transportar malas, mochilas e demais.Finalmente no saguão fica clara a falta de logística, para um simples cafezinho filas e mais filas, tudo é lotado, apertado e o atendimento lembra uma rodoviária de interior.Na sala de embarque nossos ouvidos são castigados pelas freqüentes e insistentes chamadas de vôo, as atendentes não falam, berram! As poltronas são numeradas, mas os passageiros se espremem na fila para serem os primeiros a embarcar, no meio de toda essa confusão vejo um casal acompanhado de um bebe, aparentando seus quatro ou cinco meses de vida, no colo da avó tiveram prioridade no embarque.Olhei para meu bilhete e confirmei o numero da poltrona, o pensamento é inevitável, será que serão meus vizinhos de vôo?Foi por pouco, ficaram duas fileiras à frente, mas o pressentimento que seria uma viagem tumultuada não saia do pensamento, no começo tudo foi alegria, as comissárias de vôo muito simpáticas ajudaram acomodar as inúmeras sacolas e pacotes de presente, ainda tiraram algumas fotos da feliz família.Num último momento a vovó pediu a mochila que continha algumas coisinhas, entre elas uma bela mamadeira lotada de leite, segundo ela, “caso o nenê acorde”.Ele dormia tranqüilo enquanto todos preparativos estavam sendo finalizados, mas quando o avião terminou de taxiar e o comandante anunciou “decolagem autorizada”, o bebe resolveu acordar.Junto com a decolagem vem a estranha sensação de friozinho na barriga e ai começa outra aventura, o choro do bebe.Inconsolável passou do colo da mãe para a avó, e chacoalha e chacoalha, o berreiro continua... Armada da mamadeira vovó pega o bebe e lá se foi um mamadeira inteira, e por alguns minutos paira o silêncio.Mas o bebe volta a chorar, e começa tudo de novo, passa de colo em colo, e chacoalha, chacoalha, chacoalha.O aviso de soltar cintos apita, o papai se levanta e de dentro de outra sacola sai outra mamadeira que é entregue nas mãos da avó.O pensamento era óbvio se funcionou da primeira vez, ira funcionar novamente, e socaram mais 200 mls de leite. Tivemos alguns minutos de silencio até que... Adivinha?Deu dó do rapaz engravatado sentado no corredor, na fileira logo atrás, ele lia, ou tentava ler, um desses livros de auto-ajuda, acho que ele previa momentos de tensão onde teria que usar toda concentração e atitude de autocontrole, foi quando em uma fração de segundos um jato branco é arremessado à distância!O cheiro de azedo se espalhou pelo hermeticamente fechado avião, as comissárias corriam de um lado para outro tentando ajudar o rapaz, o nenê, a vovó, os pais e os outros passageiros atônicos não sabiam o que fazer.E o bebe continua a chorar, resolvi dar uma sugestão do tradicional remédio para vômitos do viajante, mas a vovó curta e grossa respondeu que ela já ia resolver e tira da mágica mochila outra mamadeira agora com chá de alguma coisa que não ousei perguntar o que era, e socou na boca do nenê, para desespero dos ocupantes das poltronas próximas.Imaginem o clima, até que veio a voz salvadora do comandante: “senhores passageiros apertem os cintos, vamos aterrissar!”.Foi um alivio geral e a comissária ainda teve coragem de dizer depois de tudo isso: Tenham um dia Azul!

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