FIQUE DE OLHO

É melhor dar ouvidos ao problema

Doenças auditivas afetam número considerável de brasileiros; metade dos casos pode evitada

Viver Melhor
faleconosco@rac.com.br
18/10/2013 às 15:38.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:33

Nice Bulhões* Uma em seis de cada grupo de mil pessoas e um em quatro de cada cem recém-nascidos provenientes de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) têm algum comprometimento auditivo no Brasil, segundo o otorrinolaringologista Renato Guedes de Melo Filho, diretor da Clínica Otorrino Penido Burnier, de Campinas. “A metade dos casos de deficiência auditiva poderia ser prevenida e seus efeitos minimizados se o diagnóstico fosse realizado precocemente, possibilitando, assim, ações necessárias para reabilitação auditiva”, alerta. De acordo com dados de 2005 da Organização Mundial de Saúde (OMS), 278 milhões de pessoas têm perdas auditivas de grau moderado a profundo.  Deste total, a OMS divulga que 80% dessas pessoas vivem em países em desenvolvimento. Melo Filho explica que hoje, com o programa de Triagem Auditiva Neonatal (TAN), do Ministério da Saúde, cada vez mais ocorre o diagnóstico precoce em recém-nascidos pelo exame conhecido por Teste da Orelhinha. “É um teste rápido, simples, não invasivo e com alta sensibilidade, capaz de identificar a maioria das perdas auditivas cocleares”, afirma. “O exame deve ser feito em todas as crianças preferencialmente nos primeiros dias de vida ainda na maternidade.”  Atenção especial deve-se ter com neonatos e lactentes, que se enquadram nos indicadores de risco para deficiência auditiva, segundo Melo Filho. São eles: peso ao nascer inferior a 1.500 gramas, anomalias craniofaciais envolvendo a orelha, antecedente familiar para surdez permanente com início na infância, permanência na UTI por mais de cinco dias, infecções congênitas (toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus, herpes e HIV (vírus causador da aids), infecções bacterianas pós natais como meningite, herpes, sarampo, varicela, índice de Apgar até 4 no primeiro minuto e até 6 no quinto minuto e síndromes genéticas que usualmente cursam com deficiência auditiva.  Se o bebê não passar no Teste da Orelhinha, o exame deve ser repetido. “Persistindo a alteração, devemos lançar mão de exames mais específicos para detectar a deficiência auditiva, entres eles o Bera (audiometria de tronco cerebral)”, explica o otorrinolaringologista. “Estabelecendo o diagnóstico, a criança deve ser encaminhada para um centro de referência em tratamento e reabilitação auditiva.” Mesmo que o bebê passe no teste e não tenha fator de risco para surdez, os pais devem ser sempre orientados a monitorar o desenvolvimento da audição e da linguagem. Hoje, os otorrinolaringologistas se preocupam em fazer o diagnóstico o mais breve possível da deficiência auditiva, se possível antes dos seis meses de vida, pois, quanto antes se iniciar o tratamento, melhor serão os resultados para o desenvolvimento da função auditiva, da linguagem, da fala, do processo de aprendizagem e, consequentemente, a inclusão no mercado de trabalho e melhor qualidade de vida, na avaliação de Melo Filho.  “Criança desatenta, com baixo rendimento escolar, que escuta TV alto, senta perto da TV, chama e não responde e é distraída podem ser sinais de perda auditiva”, alerta Melo Filho. Nesse caso, ela deve ser encaminhada ao otorrino para avaliação. Os pais se sentem confusos, ansiosos e preocupados quando sabem que seu bebê é surdo ou tem dificuldade para ouvir. “Quando o diagnóstico de surdez é confirmado, nessa hora cabe a uma equipe multidisciplinar, composta pelo otorrino, fonoaudiólogo, psicólogo e terapeuta, orientar sobre a opção de tratamento existente para reabilitação auditiva e adequar as expectativas dos pais em relação aos resultados a serem obtidos.” Tecnologia hoje permite reabilitação em qualquer nível O otorrinolaringologista Renato Guedes de Melo Filho, diretor da Clínica Otorrino Penido Burnier, afirma que, atualmente, com os progressivos avanços tecnológicos, tem sido possível reabilitar pacientes portadores de qualquer tipo de perda auditiva. “Desde o uso de AASI (aparelhos de amplificação sonora individual), conhecido popularmente por aparelho de audição, que evoluíram rapidamente graças à informatização e à miniaturização, melhorando muito a sua qualidade, tanto do ponto de vista funcional como estético, e lógico sendo cada vez mais aceito pelos pacientes”, explica o médico. Segundo ele, o implante coclear (ouvido biônico) é outra alternativa já consagrada e disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e na rede privada por meio dos convênios de saúde, pois consta no rol de procedimentos básicos da ANS (Agência Nacional de Saúde). Acrescenta que é um dispositivo implantado cirurgicamente no ouvido interno, que permite a reabilitação auditiva em portadores de surdez severa a profunda que não se beneficiam com o uso de aparelhos auditivos convencionais. “Há ainda as próteses auditivas de ouvido médio, que vêm suprir as necessidades de pacientes que não se adaptam com aparelhos auditivos convencionais e tampouco são candidatos ao implante coclear.” Algumas dessas possibilidades são totalmente implantáveis, como o Carina (aparelho auditivo totalmente invisível) e outras parcialmente implantáveis, como o Vibrant Sound Bridge, e também os aparelhos auditivos de condução óssea (BAHA), pequeno implante de titânio implantado no osso atrás do ouvido, que estimula a cóclea através da vibração. “Vivemos no século da informação e comunicação, por isso achamos importante que pacientes e familiares tenham mais acesso a toda essa tecnologia de uma maneira simples e de fácil entendimento pelo leigo.”

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por