LAVA JATO

E-mails indicam repasse de R$ 7,5 milhões a campanha

Troca de mensagens ocorreu entre Youssef e Queiroz Galvão: provas de que a empreiteira pagou milhões em doações eleitorais na campanha de 2010 em troca de contratos na Petrobras

Agência Estado
07/04/2015 às 09:09.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:01
O doleiro Alberto Youssef, que alega ter sido "leva e traz" de corruptos e corruptores em esquema ( Cedoc/ RAC)

O doleiro Alberto Youssef, que alega ter sido "leva e traz" de corruptos e corruptores em esquema ( Cedoc/ RAC)

E-mails trocados entre Alberto Youssef e um executivo do grupo Queiroz Galvão são considerados para investigadores da Operação Lava Jato provas de que a empreiteira pagou R$ 7,5 milhões de propina em forma de doações eleitorais na campanha de 2010 em troca de contratos na Petrobras. Em sua delação premiada, o doleiro confirmou os repasses e apontou que o valor teria beneficiado candidatos do PP, entre eles o ex-ministro Mário Negromonte (PP-BA), e o senador Valdir Raup (PMDB-RO).“Todos os valores repassados são provenientes de vantagens indevidas decorrentes do esquema existente na Petrobras”, afirmou Youssef, no dia 11 de fevereiro, em delação premiada à força-tarefa da Lava Jato.Um dos e-mails foi enviado a Youssef no dia 30 de agosto de 2010 pelo executivo da empreiteira Othon Zanoide de Moraes Filho — preso por cinco dias pela Lava Jato, em 14 de novembro de 2014, na sétima fase da operação, batizada de Juízo Final.Nele, Moares Filho escreveu: “PRIMO (apelido de Youssef) A seguir a relação de recibos faltantes, desde já agradeço a ajuda”. Seguem, então, de forma numerada, oito registros de valores que totalizam R$ 4 milhões. “O e-mail se refere apenas à parcela das doações em que faltavam os recibos, mas o total das doações oficiais foi de aproximadamente R$ 7,5 milhões, todos provenientes da Queiroz Galvão”, afirmou Youssef.No e-mail, o executivo da Queiroz Galvão cobra os recibos dos valores pagos a quatro políticos nominados na mensagem: Aline Corrêa, “250.000,00”; Roberto Teixeira, “250.000,00”; Nelson Meurer “500.000,00”; e Roberto Brito “100.000,00”. Há ainda o registro de R$ 100 mil em nome de “PP de Pernambuco”, R$ 500 mil para o “PP da Bahia”, outros R$ 300 mil para o “PMDB de Rondônia” e o de maior valor R$ 2,04 milhões destinado ao “Diretório Nacional P. Progressista”.A lista interceptada pela Lava Jato, em março de 2014, quando Youssef seria preso em São Luís, é o registro “dos recibos faltantes”, explicou o doleiro. “Ou seja, das pessoas que tinham recebido os valores da Queiroz Galvão, como doação ‘oficial’, mas que ainda não haviam enviado seus recibos para a construtora.”A empreiteira é uma das 16 que integravam o cartel que corrompia agentes públicos em troca de contratos da Petrobras. Os executivos da empresa ainda não foram alvo de denúncia. Eles integram os pacotes de ações penais que ainda serão apresentadas à Justiça Federal este ano.Dias antes da cobrança dos recibos, em 17 de agosto, outro e-mail — desta vez enviado do doleiro para o executivo — registra os dados de uma conta bancária: “conta doação de campanha — Primo (apelido de Youssef)”. O doleiro explicou aos investigadores da Lava Jato que na mensagem “está repassando a conta do Diretório Nacional do PP para pagamento pela Queiroz Galvão”.Outro ladoA Queiroz Galvão nega veementemente qualquer pagamento ilícito a agentes públicos para obtenção de contratos ou vantagens. Valdir Raupp, por meio de assessoria, também nega irregularidades. Os demais citados, segundo a Agência Estado, não foram localizados até a conclusão da reportagem. Veja também Justiça marca interrogatórios dos empreiteiros da Lava Jato Os dirigentes das empreiteiras Camargo Corrêa, UTC Engenharia, OAS, Mendes Júnior, Engevix e Galvão Engenharia respondem por suposta participação em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro PEC da Maioridade penal está na pauta nesta semana A comissão especial criada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para discutir a PEC, que divide opiniões, será instalada na quarta Emprego fica mais difícil na construção civil O momento que vive o setor é ilustrado pelo número alto de demissões sem justa causa - que são os cortes mais diretamente ligados às dificuldades financeiras das empresas Lula reforça apelo por nova articulação política Para ele, a presidente não pode mais esperar e precisa mexer nos interlocutores com o Congresso

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