É assim (ou era)

Já há alguns anos existe um consenso sobre a distribuição de forças no futebol europeu. Sem maiores contestações, o Inglês é apontado como o melhor e mais competitivo campeonato do mundo. Nas últimas cinco temporadas, sete times ficaram nas duas primeiras posições da Premier League. Na Itália, onde a Juventus acaba de conquistar o octacampeonato, apenas três times ocuparam as duas primeiras posições no mesmo período. Na Espanha, só três também. Na Alemanha do heptacampeão Bayern, cinco times ocuparam as duas primeiras posições nos últimos cinco anos. Também é (ou era) consenso que, apesar de ter o campeonato mais forte, disputado e atraente, os ingleses eram coadjuvantes na Liga dos Campeões. Para ser o melhor da Europa, é (ou era) necessário ter um elenco bilionário, muito superior aos demais concorrentes das ligas nacionais. É assim (ou era) com os galácticos do Real Madrid, com o encantador Barcelona e com o guerreiro Atlético de Madrid. É assim com o milionário Bayern e com a Juve, única gigante que sobrou na Itália após a derrocada financeira dos times de Milão. Esse cenário começou a mudar no ano passado, com a presença do Liverpool na final. Um inglês não chegava à decisão desde 2012, quando o Chelsea bateu o Bayern. Em 2019, o futebol inglês deu uma demonstração de força. A grande partida de hoje em Madri reúne o favorito Liverpool e o Tottenham. Na decisão da Liga Europa, o Chelsea bateu o Arsenal. Não devemos ter quatro times do mesmo país nas duas finais tão cedo, mas acredito que o domínio inglês nesta temporada não ocorreu por acaso. O fato de a Premier League ser o melhor campeonato do mundo dá a seus protagonistas uma montanha de dinheiro. O Tottenham, por exemplo, não investe em reforços de peso há tempos, já que construiu seu novo estádio em Londres. A partir de agora, arrecadando mais, poderá se manter entre os melhores do continente. O Manchester City, primeiro da história a conquistar a tríplice coroa inglesa, seguirá como favorito na Champions nos próximos anos. O Liverpool começa a colher os frutos por ter acreditado no excelente trabalho de Jurgen Kloop. O técnico alemão chega à final pela terceira vez em sete anos, o que não acontece por acaso. O Tottenham já saiu de situações adversas diante de City e Ajax e vai lutar muito hoje. Mas o Liverpool é mais forte e acredito que Klopp finalmente será campeão europeu. Essa final pode marcar o início de uma nova era na Liga dos Campeões. Os gigantes ingleses não serão mais coadjuvantes de espanhóis, alemães e italianos.