ZEZA AMARAL

É a bravata de sempre

Zeza Amaral
26/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:28
ig-zeza-amaral (AAN)

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E é sempre o mais do mesmo. Ou nos envergonhamos ou nos retratamos perante nossos filhos, netos e amigos, visto que deixamos tudo isso acontecer, acreditando na infalibilidade da voz do povo. E deu no que deu. E a presidente Dilma Rousseff não fugiu ao roteiro eleiçoeiro ao discursar na Assembleia da ONU, na última terça-feira. Cerca de 190 representantes de Estado ouviram-na reclamar do programa de espionagem dos Estados Unidos dizendo que o “Meu governo fará tudo o que estiver a seu alcance para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e de todos os cidadãos do mundo e os frutos da engenhosidade dos trabalhadores e das empresas brasileiras.” Discurso de palanque eleitoral, sem dúvida. Mesmo porque, diante de meia dúzia de páginas diárias da Abin, a nossa agência tupiniquim de informações, ela sempre reclama que “são notícias de ontem”.Quando o presidente Evo Morales, da Bolívia, tomou na “mão grande” uma refinaria da Petrobras, Lula da Silva, então presidente da República, piou fino e, meses depois, aprovou um milionário empréstimo federal para que o seu parceiro e colega bolivariano construísse uma estrada para escoar a produção de folhas de coca — vale dizer, cocaína—, até o Pacífico, o que não quer dizer que tal dinheirama tenha sido realmente empregada para isso. Naquele momento, a voz da imprensa independente criticou a decisão presidencial e uma crítica mundana a isso tatuou profundamente a minha memória: Chico Buarque, em entrevista, disse que o Brasil gostava de piar fino com os Estados Unidos e falar grosso com a Bolívia. Agora, anos depois, Dilma Rousseff fala grosso com os Estados Unidos e continua piando fino com a Bolívia, conforme demonstrado no discurso que proferiu na abertura anual da Assembleia da ONU. Com um detalhe: em nenhum momento Dilma citou os Estados Unidos como os responsáveis por tal espionagem, o que considero uma covardia diplomática. Ou seja: falou grosso e piou fino, ao mesmo tempo, o que é bem a marca dos omissos que se escondem sob a real mortalha dos nossos verdadeiros patriotas.E mais um importante detalhe: responsável para sediar a próxima Copa do Mundo, o governo brasileiro vem se servindo do sistema de inteligência norte-americano para garantir a segurança do evento, se prevenindo contra grupos locais de incontestável e notória radicalização e violência urbana e, mais ainda, e o que é ainda mais importante, contra terroristas internacionais. E aqui vai um outro detalhe vergonhoso: o Brasil não tem uma única lei que venha a combater o terrorismo em seus domínios, nas ruas, calçadas e praças de suas cidades.Não me envergonha o discurso da presidente Dilma porque há quase doze anos sei muito bem o que o lulopetismo é capaz de fazer para se manter no poder: rastejar no capacho populista que uma boa parte dos ditadores do planeta estendem aos seus cupinchas latino-americanos nos amplos e solenes salões da ONU, a entidade maior da hipocrisia diplomática do planeta, dominada por países governados por pequenos tiranetes que vendem a peso de ouro suas estratégias geográficas e econômicas.Vergonha tenho mesmo é saber que o petismo usa dinheiro público para pagar blogueiros que não se incomodam em enfiar seus focinhos na lama ideológica e dela assim se alimentar. Um deles, o Blog da Dilma, que se intitula o “maior do Brasil”, publicou uma foto do presidente Joaquim Barbosa, do STF, ao lado de um chimpanzé, na semana passada. Escárnio. Tal blog foi criado quando Dilma saiu candidata à presidência da República e até hoje ela não moveu uma palha para tirá-lo da Internet — ou pelo menos mudar o seu nome. Lula já reclamou do negro que ele colocou no Supremo e ainda hoje o petismo reclama da não subserviência do presidente de um dos Poderes da República, o Judiciário.Embargos infringentes seguem sendo embargos indecentes e ministros que o defendem que se expliquem lá com seus amigos, filhos e familiares. Tecnicalidades jurídicas são preceitos de Onã para conseguir algum prazer momentâneo para este ou aquele ente jurídico que se rebusca em latim o que a sua alma reclama na ribalta iluminada pelos holofotes da política, e que bem ofusca o bom e velho português que bem entendemos.E segue a vida e a vergonha que anda comigo. E segue a esperança de que um dia tudo isso acabe.Bom dia.

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