JULIANNE CERASOLI

Dupla estrelada, carro fraco

Julianne Cerasoli
20/09/2013 às 20:03.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:21

Há quem diga que ninguém comemorou mais a notícia da volta de Kimi Raikkonen a Maranello que Sebastian Vettel, que pode continuar tranquilo com sua dominação enquanto o finlandês divide pontos — e a equipe — com Fernando Alonso. Mas a Ferrari precisa de mais que uma dupla de campeões para tirar o sono do alemão.Quando pensamos em uma união de gigantes que venceu campeonatos, logo vem à mente Prost e Senna na McLaren. Como se o ambiente dentro da equipe tivesse sido saudável, como se a parceria tivesse durado muito tempo... Lapsos de memória à parte, se por um lado um companheiro forte teoricamente puxa a performance do outro, é inevitável que os pontos se dividam. Voltando ao final dos anos 1980, será que Prost-Senna foi uma dupla vitoriosa porque os dois eram pilotos muito fortes ou porque seu carro era tão superior à concorrência que eles podiam focar no duelo interno sem se preocupar em jogar o campeonato fora?A Ferrari sabe que a mudança de paradigma em relação aos pilotos não dará em nada se continuar sempre correndo atrás do prejuízo. Até porque, nesta condição, a única maneira de vencer campeonatos é jogando no erro do adversário e priorizando um piloto.Não coincidentemente, a equipe vem se fortalecendo tecnicamente. E todos os contratados trabalharam com Alonso e Raikkonen e sabem do que os dois precisam para render. O diretor técnico Pat Fry está em Maranello desde 2010, vindo da McLaren, e juntou-se recentemente a James Allison, diretor técnico de chassi, ex-Lotus/Renault e Dirk de Beer, ex-diretor de aerodinâmica da Lotus.Na fábrica, a equipe chegou a fechar seu túnel de vento em outubro do ano passado, construído em 1997, para uma remodelação, mas reconheceu em julho que ainda tinha problemas. A pobre correlação de dados é grave e preocupa para o próximo ano, além dos rumores de que a Ferrari esteja atrasada em relação ao novo motor, que seria beberrão.O tempo está jogando contra. Assim como aconteceu na última vez em que tivemos uma grande revolução nas regras, em 2009, quem começar na frente em 2014, terá a possibilidade de dominar por um bom tempo. Por outro lado, com mais um insucesso, a Ferrari pode rapidamente perder sua dupla estrelada. Tanto Alonso, quanto Raikkonen têm menos títulos que mereciam e pouco tempo de carreira para mudar isso. Antes de pensar em problemas de relacionamento entre pilotos, a Ferrari sabe que precisa, de uma vez por todas, de um carro competitivo. Só assim, a opção de colocar dois galos no mesmo galinheiro tem chance de sucesso.

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