JOGO RÁPIDO

Duas teorias para uma noite mágica

Coluna publicada a edição de 9/5/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
08/05/2019 às 20:27.
Atualizado em 03/04/2022 às 22:38

O goleada do Liverpool sobre o Barcelona entrou para a história da Liga dos Campeões. A classificação improvável de um time que apanhou de 3 a 0 no jogo de ida ficará para sempre na memória dos torcedores. Se levarmos em consideração que o time da casa jogou sem Salah e Firmino, dupla responsável por oito gols e três assistências no torneio, o feito fica ainda mais impressionante. Após a partida, o técnico Jurgen Klopp falou sobre a façanha. Ele atribuiu a classificação a uma “mescla de estádio, coração e futebol”. A teoria é perfeita. Só mesmo uma combinação mágica de estádio (a atmosfera do Anfield é uma das mais especiais do esporte mundial), coração (muita garra, do primeiro ao último minuto) e futebol (muito futebol, do goleiro ao ponta-esquerda) poderia levar a partida a um resultado tão improvável. No sábado, o Liverpool (com Salah) sofreu para ganhar do Newcastle por 3 a 2. Precisava da vitória para seguir com chance de ser campeão nacional e só chegou ao gol decisivo aos 41’ do 2º tempo. Como imaginar que esse time, desgastado pelo esforço contra o 14º colocado do Inglês, pudesse golear o poderoso Barcelona? Achei a teoria de Klopp perfeita, mas também tenho a minha. Embora Messi tenha sido massacrado nas redes sociais, a dolorosa e vergonhosa eliminação não deve ser atribuída ao craque. Alisson foi um dos melhores em campo e Messi participou diretamente de quase todas as jogadas que exigiram grandes defesas do goleiro brasileiro. Seus passes geniais criaram oportunidades claras e ele também finalizou com perigo. O grande problema do Barça foi ter pisado no gramado do Anfield com a certeza de que iria à final. Não se tratou de menosprezo ao excelente adversário ou de falta de aviso do técnico Ernesto Valverde. É natural que, diante de todas essas circunstâncias, o bicampeão espanhol tenha entrado em campo com a convicção de que estaria em Madri na grande final de 1º de junho. Como disse o próprio Klopp, poucas pessoas no mundo apostariam centavos no Liverpool. O problema foi que, diante de um adversário que nunca deixou de acreditar no impossível, o Barça não deu o seu máximo desde o início da partida. Quando acordou, a vaga não estava mais em suas mãos. É preciso ser mentalmente muito forte para reverter uma situação como essa, mas também para manter uma vantagem tão expressiva como a que foi conquistada no Camp Nou. Minha teoria é que competir achando que já ganhou é um problema terrível para qualquer favorito.

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