JOGO RÁPIDO

Duas invenções do futebol brasileiro

Coluna publicada na edição de 11/9/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
11/09/2019 às 01:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 16:13

A nova diretoria da CBF promete implementar mudanças no calendário de 2020 e a maior delas talvez seja a mais óbvia de todas: em datas reservadas pela Fifa para amistosos de seleções, não teremos rodadas do Brasileirão e da Copa do Brasil. Com o calendário atual, a CBF expõe os clubes a riscos absurdos. A decisão desta edição, por exemplo, por pouco não começou sem a presença de Guerrero, artilheiro do Internacional na temporada com 13 gols, cinco deles anotados na Copa do Brasil. O atacante peruano foi convocado por Gareca para os dois amistosos do Peru. O Inter entrou em contato com o treinador quatro vezes para tentar a liberação do atacante, mas não conseguiu. Gareca chegou a dar a seguinte declaração no início de agosto: “Paolo Guerrero será chamado. Por política esportiva, não cedemos nenhum jogador. Se os brasileiros fazem seus torneios sem levar em conta as datas da Fifa, é problema deles.” O treinador argentino está correto. Sua obrigação é fazer o melhor pela seleção peruana e se o calendário brasileiro é uma bagunça, o problema é do incompetente que marca jogos da semifinal e da final da Copa do Brasil em datas Fifa. Guerrero poderia ter ficado fora do jogo de volta contra o Cruzeiro (marcou dois gols) e da partida de hoje contra o Athletico. Ele só foi liberado porque fez um pedido pessoal a Gareca, que já havia recusado a solicitação formal do Inter. Muitos dos grandes times brasileiros possuem atletas de seleção. Deixar astros decisivos e com salários altíssimos fora de partidas importantes da Copa do Brasil e do Brasileiro é uma aberração do nosso futebol. Em qualquer outro campeonato de mínima relevância essa situação é impensável. E, mesmo sob nova direção, a CBF ainda permite a venda de mando, outra triste invenção do futebol brasileiro. O Flamengo já “visitou” o Vasco da Gama e o Avaí em campo neutro e com quase toda a torcida a seu favor. O Corinthians também vai “visitar’ o Fluminense no final de semana. O jogo será no Mané Garrincha, que receberá um número muito maior de corintianos do que de tricolores. Evidentemente, a situação seria inversa no Maracanã. A CBF jamais deveria fechar os olhos para essas negociatas porque elas interferem na lisura do campeonato. Na prática, alguns times jogam partidas a mais em casa do que os seus concorrentes, o que, indiscutivelmente, deveria ser proibido pela CBF. Além disso, clube que vende seu mando de jogo demonstra enorme desrespeito por seu torcedor. Mas isso é assunto para outra coluna.

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