MEIO AMBIENTE

Drones são usados para recuperar florestas

Startup britânica tem o plano ambicioso de plantar um bilhão de árvores por ano, ao redor do mundo e em escala industrial

Cecília Polycarpo
03/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 14:58
Área agrícola em Cosmópolis sem braquiárias, considerada o terreno ideal para que as plantas vinguem ( Carlos Sousa Ramos / AAN)

Área agrícola em Cosmópolis sem braquiárias, considerada o terreno ideal para que as plantas vinguem ( Carlos Sousa Ramos / AAN)

Uma startup britânica tem o plano ambicioso de plantar um bilhão de árvores por ano, ao redor do mundo e em escala industrial, com a ajuda de veículos aéreos não tripulados, os populares drones. Comandada pelo americano Lauren Fltecher, ex-engenheiro da Agência Aeroespacial Americana, a BioCarbon Engineering desenvolveu um sistema em que os aparelhos serão responsáveis pelo mapeamento de áreas desmatadas, plantio de sementes e monitoramento do crescimento das mudas. A empresa sediada em Oxford, na Inglaterra, garante que o projeto reduz 10% os custos do reflorestamento, além de aumentar em até 15 vezes a probabilidade de a árvore nascer.No Brasil, iniciativa semelhante deu certo na década de 1980. O Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) lançou sementes de um helicóptero para reflorestar uma área da Serra do Mar em Cubatão. Engenheiros agrônomos e especialistas em reflorestamento simpatizam com o sistema proposto por Fletcher, porém, acreditam que a tecnologia pode ter obstáculos importantes no Brasil. Um deles, seria a transformação em curso do clima no Sudeste, de tropical para árido, o que atrapalharia o desenvolvimento da muda sem intervenção humana. O trabalho de agricultura de alta precisão proposto pela BioCarbon é sofisticado e se divide em quatro etapas. Na primeira, são feitas imagens de satélites para os técnicos obterem informações preliminares sobre a topologia e características do terreno onde será feito o reflorestamento, como rios, lagos, montanhas, estradas e prédios. As imagens conseguem identificar também se a área tem vegetação nativa remanescente, quais tipos de gramas de cobertura e a biodiversidade local. Todas as informações são usadas para decidir quais áreas devem ser reflorestadas, com quais espécies. O planejamento é importante também para levantar os custos da operação.No segundo estágio, os drones já entram em ação. Os veículos são usados para fazer um mapeamento detalhado dos nutrientes da terra, umidade local e o índice de fotossíntese das espécies. O equipamento utilizado pela empresa gera mapas em 3D de alta resolução para auxiliar no reflorestamento. O plantio é feito na terceira parte, com outro tipo de drone, automatizado. São colocadas sementes germinadas no aparelho, envoltas em um hidrogel nutritivo. A probabilidade de sementes já com brotos vingarem na terra é maior que técnicas que fazem dispersão aérea com sementes secas, segundo a startup. O sistema para lançá-las sem danificá-las é delicado. Os drones descem a três metros acima do solo e soltam uma espécie de casulo com as sementes. O aparelho tem capacidade de lançar até dez casulos por minuto.Na última etapa, os veículos aéreos irão monitorar o crescimento das plantas regularmente. O acompanhamento é para dar uma resposta rápida caso sejam detectados fatores ou intempéries que impeçam as árvores de se desenvolverem. Até agora, a empresa fez somente testes com o sistema e ainda não reflorestou nenhuma área, mas a expectativa de Fletcher é de que até julho eles comecem a atuar em projetos com ONGs.

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