TADEU FERNANDES

Dr. Google

04/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 14:47
ig-tadeu-fernandes (AAN)

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Quem diria... Vovó Nana está plugada na internet, descobri que ela tem Facebook, Instagram, usa diariamente o WhatsApp para conversar com as amigas e com o netinho Pedro Henrique. Outro dia ela trouxe os exames anuais do Pedrinho, entrou com a feição séria, preocupada, sem aquele sorriso e a falação característica da Vovó. - O que houve vovó? Perguntei ansioso. - Doutor, eu acho que o Pedrinho está com uma aplasia na medula óssea. - Quem falou isso vovó! - Veja os exames de rotina que o senhor pediu mês passado, os leucócitos estão abaixo de quatro mil, uma leucopenia, e o pior, os neutrófilos também estão baixos, é uma neutropenia e olha os linfócitos aumentados, uma linfocitose! Peguei os exames, analisei e realmente a série branca do Pedrinho apresentava uma leucopenia (diminuição do número de glóbulos brancos), e as outras alterações citadas pela vovó, mas bastou uma pergunta para elucidar o mistério: - Vovó, quando ele colheu esses exames, Pedrinho estava resfriado? - Sim, estava espirrando, com tosse, cheio de dores no corpo, por isso corri para fazer os exames... - Vovó, o vírus do resfriado e da gripe estão entre os principais causadores de leucopenia, ao termino da infecção, tudo volta ao normal. - Mas doutor eu pesquisei no Google e lá fala que pode ser leucemia, colagenose e até HIV! Esse é um dos novos problemas que os médicos estão enfrentando no dia a dia, a opinião do Dr. Google. O brasileiro vem alcançando índices cada vez mais expressivos de acesso à internet e, com isso, utiliza cada vez mais a rede digital em busca de informações diversas. Hoje, é cada vez mais comum usar as páginas do Google para buscar e encontrar informações sobre a saúde pessoal antes mesmo de consultar um médico responsável. O paciente que busca informação na internet precisa ter o bom senso de selecioná-la em sítios confiáveis, e se informar sobre o material obtido na rede com seu médico.Uma recente pesquisa revelou que antes da consulta médica, 83% dos pacientes entrevistados já haviam procurado informações na internet sobre seus sintomas. Essa mesma pesquisa informa que, após a consulta médica, 85% dos pacientes pesquisam na web sobre o diagnóstico dado pelo médico, exames pedidos e medicamentos prescritos. A internet tem potencial para alterar a clássica relação médico-paciente. É comum o paciente trazer informações obtidas na internet, muitas vezes não confiáveis, e o médico deve ter o cuidado de ouvi-lo, examiná-lo e orientá-lo, desfazendo falsas impressões e mesmo diagnósticos já formulados. Um dos pilares éticos da Medicina é a relação médico-paciente; a conversa, o exame clínico, e se necessário outros complementares, que permitem o diagnóstico e a definição da terapêutica, tudo isso baseado em muita confiança. A internet é fonte de informação, inclusive para os médicos, mas não podemos inverter a ordem das coisas, a pesquisa é um complemento à consulta, não um substituto. Quando pesquisar, procure sítios (ou sites) confiáveis, as Sociedades Médicas oferecem um material de primeira qualidade, peça para seu médico indicar fontes sérias, enfim, vamos agregar, somar informações, não confrontar.Dr. Google não assina atestado de óbito!

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