CAMPINAS

Dois policiais do 10º DP são investigados

Investigadores são acusados de receber mensalinho de traficantes do Jardim São Fernando

Patrícia Azevedo
16/07/2013 às 05:05.
Atualizado em 25/04/2022 às 08:44

O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e a Corregedoria da Polícia Civil investigam um esquema de mensalinho que seria pago por traficantes do Jardim São Fernando a dois investigadores do 10º Distrito Policial de Campinas, Renato Peixeiro Pinto, o Peixe, e Mark de Castro Pestana.

“Durante as investigações do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) descobrimos que os policiais daqui recebiam quantias mensais dos traficantes. Esse dinheiro era pago todos os meses para o Distrito Policial (DP) da área para que os traficantes não fossem presos”, afirmou o promotor Ricardo Schade.

O dinheiro, segundo o promotor, era usado para evitar prisões e apreensões de drogas e armas. Peixeiro foi preso em sua casa e Mark se entregou à Polícia no final da tarde.

Os policiais civis de Campinas implicados no esquema de corrupção investigado pelo Gaeco tiveram a prisão temporária decretada por cinco dias. “Nós iremos ouvi-los para então definir se pediremos a preventiva”, contou Schade.

O advogado que defende os dois policiais, Ralph Tórtima Stettinger Filho, disse que seus clientes são suspeitos de terem recebido propina, mas que a situação é diferente da detectada em São Paulo entre os policiais do Denarc. “Com relação aos policiais de Campinas existe uma única e exclusiva palavra do traficante delator que precisa ser analisada com muita cautela para não vir a se cometer uma grave injustiça”, afirmou o advogado.

No relatório do Ministério Público (MP), um delator do esquema afirma que entregava a um desses policiais cerca de R$ 20 mil. Segundo os promotores, o esquema em Campinas não tem relação com a atuação do grupo da Capital. Na página 112 do relatório o Gaeco coloca que “o esquema de corrupção envolvendo policiais do 10º DP é autônomo, independente da atuação da quadrilha da polícia lotada no Denarc”, consta no documento.

Busca

Na manhã desta segunda (15), uma equipe da Corregedoria de Campinas cumpriu mandados de busca e apreensão no 10º DP, que funciona na Rua Frei José de Monte Carmelo, no Jardim Proença. A ação integra a operação deflagrada pelo Gaeco, que desmantelou uma quadrilha formada por policiais civis acusada de extorquir traficantes que agiam em Campinas.

A delegacia ficou fechada entre às 9h e às 11h, período em que os policiais da Corregedoria permaneceram no local. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelo delegado Sander Malaspina. Durante o tempo em que a Corregedoria esteve no prédio, ninguém pode entrar. Nem mesmo os policiais militares que haviam prendido uma mulher acusada de tráfico de drogas puderam apresentar a ocorrência. Assim que o trabalho da corregedoria terminou, as equipes puderam entrar no local. O delegado deixou a unidade sem falar com a imprensa.

Repercussão

O Delegado Seccional de Campinas, José Carneiro Rolim Neto, lamentou as prisões e disse que não iria se manifestar sobre as investigações conduzidas pelo Gaeco. Ele participava de uma solenidade de aniversário da Guarda Municipal de Campinas quando foi questionado sobre a operação.

“A Corregedoria está conduzindo a ação e a Polícia Civil irá fazer tudo que puder ajudar na operação, como sempre fez”, afirmou.

(Colaborou Milene Moreto/AAN)

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