Dois ônibus atolam e passageiros têm que andar na lama

Dois ônibus e um caminhão ficaram atolados na estrada de terra que dá acesso aos bairros Carlos Gomes e Chácara Gargantilha, na região leste de Campinas, no final da tarde desta quinta-feira (12).   Os passageiros que estavam a bordo precisaram abandonar os veículos e enfrentar o barro da estrada a pé por um trecho de pelo menos 500 metros.   Sem qualquer pavimentação, a população enfrenta a poeira nos dias de seca e lama nos dias de chuva.   A situação foi agravada, segundo relato dos passageiros, após a passagem de uma máquina de manutenção.Os veículos seguiam no sentido bairro. Um deles estava com 31 passageiros. Segundo relatou o motorista Geraldo Modesto Filho, a via estava escorregadia e a traseira do ônibus estava sendo jogada para o barranco.   Preocupado com a segurança dos passageiros, o motorista decidiu da a ré, mas ficou preso na lama.   "Acionei a garagem, relatei a situação e estamos aguardando o socorro", afirmou. Depois de uma hora atolados, como não apareceu uma solução, a grande parte dos passageiros decidiu abandonar o veículo atolado e voltar para a rodovia para pegar outro ônibus. Moradoras do bairro, Neusa Ferreira Marcelino e Valquíria Rosa dos Anjos, voltavam do trabalham e decidiram esperar. Elas relataram que o problema é frequente em dias de chuva.   "A estrada até que estava dando para passar, mas passou um trator aqui e complicou a situação", afirmou Neusa.   "Estamos revoltadas porque deveriam ter jogado pedra e não passar a máquina. Tinha gente idosa no ônibus, criança, mulher com criança no colo. Todos foram a pé para a pista. Estamos cansados dessa situação. Quando os ônibus não quebram aqui, atolam", disse Valquíria.   Depois de esperarem uma hora, Neusa e Valquíria conseguiram uma carona. No caso do segundo ônibus, conforme relatou o diretor de comunicação da Transurc, Paulo Barddal, o veículo encostou para dar passagem para um caminhão e os dois ficaram atolados.   A empresa mandou um inspetor ao local para tentar desatolar, mas vendo que um guincho também ficaria atolado, o profissional providenciava um trator para remover os veículos.   Para não deixar os passageiros desassistidos diante do problema, as linhas de ônibus passaram a fazer o sentido inverso da linha, pelo Recanto dos Dourados. A população cobra do poder público a pavimentação do bairro. "Foi aprovado o paralelepípedo, mas não sabemos quando vão trazer para cá", afirmou Valquíria.   O projeto de lei complementar que autoriza a pavimentação articulada nos bairros Chácara Gargantilha, Carlos Gomes e Monte Belo, por meio de colocação de paralelepípedos, foi aprovado em setembro passado na Câmara Municipal de Campinas.   A pavimentação é uma demanda antiga da população e o método é autorizado para regiões que pertencem a Área de Proteção Ambiental (APAs). "É preciso uma providência urgente, porque a população do bairro está sendo muito prejudicada. Moradores estão deixando de conseguir emprego quando falam que residem aqui", afirmou José Aparecido de Lima, presidente da Associação de moradores dos bairros Carlos Gomes, Monte Belo 1 e 2.   "Os governantes ficam sentados em seus gabinetes e não sabem o que o provo passa. Já procurei diversos órgãos na Prefeitura e eles nem me recebem", afirmou. Em nota, a Secretaria de Infraestrutura informou que a região está localizada dentro da APA de Campinas, portanto, para o desenvolvimento do projeto de pavimentação, existe uma série de restrições considerando toda a problemática ambiental e as condições técnicas para uma futura resolução do problema que tem afetado os moradores.   A Secretaria de Serviços Públicos informou ainda que realiza regularmente a manutenção das vias na região e que enviará, na manhã de sexta-feira (13), uma equipe para tentar minimizar o problema no local.