AUMENTO DO ETANOL

Dois centavos na usina, 23 centavos na bomba

Em um ano, preço do combustível subiu bem mais nos postos do que na produção

Luís Fernando Manzoli
03/04/2013 às 16:20.
Atualizado em 25/04/2022 às 21:56
Valor do litro do etanol chegou a custar R$ 2,19 no início de março em Ribeirão (Cedoc/RAC)

Valor do litro do etanol chegou a custar R$ 2,19 no início de março em Ribeirão (Cedoc/RAC)

Dois centavos. É esta a diferença no preço médio do litro do etanol vendido pelas usinas paulistas entre março do ano passado para o mesmo mês deste ano, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

A realidade nas bombas, no entanto, é bem diferente. Para o consumidor de Ribeirão Preto, o produto, no mesmo período, chega com variação de R$ 0,23, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Em março do ano passado, segundo o Cepea, o etanol foi vendido pelas usinas ao preço médio de R$ 1,2031. Neste ano, o valor é de R$ 1,2244 (aumento de 1,77%). Nos postos de Ribeirão, no entanto, o preço do etanol chegou à média de R$ 1,882 em março de 2012 e R$ 2,116 neste ano (alta de 12,4%).

A chave para o aumento, segundo Oswaldo Manaia, diretor regional do Sincopetro – sindicato que representa donos de postos de combustíveis –, está nas distribuidoras. “Não tenho esses números agora, mas certamente o valor subiu nas distribuidoras. Deve ter havido um aumento de custo para elas”, disse.

Segundo a ANP, o preço nas distribuidoras saltou de R$ 1,581, em média, em março do ano passado, para R$ 1,677 no mês passado. O aumento é de 6,07%. “Também há uma variação no custo fixo para os postos de gasolina. Hoje, cada posto tem o gasto de R$ 0,40 a R$ 0,50 para vender um litro de etanol”, disse Manaia.

O Sindicom, que representa as distribuidoras, não foi localizado na tarde desta terça-feira para comentar o assunto.

O economista Antônio David aponta outras razões para o aumento do etanol nas bombas, mesmo com a manutenção do preço nas usinas. “O etanol, hoje, é um produto como qualquer outro, à mercê das leis do mercado. Há inúmeros fatores que influenciam em seu valor final, como a equivalência com o açúcar e o mercado internacional.”

Para o economista, outro fator que deve ser considerado são os custos de produção para toda a cadeia, que variam muito. “O setor produtivo não está aqui para fazer graça, para agradar o consumidor. Isso (a oscilação de preços) só vai mudar quando o governo intervier no mercado do etanol”, disse.

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