Documentário quer lançar novo olhar sobre o cinema

Uma proposta inusitada que faz uma análise das relações entre filme-autor-espectador-mídias. Trata-se do projeto do cineasta Igor Alexandre Capelatto, da Capuccino Produções, de Barão Geraldo, que está buscando voluntários para assistir a um mesmo filme em situações diferenciadas e darem seus depoimentos para um documentário que ele prepara sobre o assunto. Segundo Capelatto, a ideia surgiu a partir de um artigo que ele publicou em uma revista científica com o tema "Abismo-Cinema: um diálogo entre filme-autor-espectador". “No artigo abordo as diferenças entre o público que assiste a um filme em salas de exibição e locais inadequados. A proposta é compreender o espaço do filme — o universo ficcional — e o espaço fora do filme — a sala de cinema. Daí tive a ideia de registrar as reações das pessoas assistindo a um mesmo filme em diferentes mídias, como tablet, celular, computador, sala de cinema e salas usadas para exibições, mas não totalmente adequadas”, explica o cineasta.Capelatto pretende envolver em torno de 100 pessoas nas diferentes exibições. Nas salas de cinema, quer reunir no máximo dez pessoas por sessão para captar as reações e colher depoimentos sobre o filme, o espaço de exibição e outras. “Também teremos um site interativo registrando o que as pessoas estão vendo, os comentários, mapa da localização da sala, como chegar ao local. A ideia é ter uma comparação dos diversos ambientes”, informa.O filme será exibido em salas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Museu da Imagem e do Som (MIS) e Cine Topázio, além de tablet, DVD, Web. A primeira sessão está prevista para ocorrer já na próxima terça-feira, dia 24, às 18h, na Ide Escola de Artes, no Parque das Universidades. “Ela foi construída como sala de cinema, mas está em condições precárias. Quero ver a reação das pessoas com o filme e com a sala. Elas vão esperando um local apropriado e vão se espantar com isso também.”Capelatto adianta que vai exibir um filme de censura livre, mas prefere não divulgar o nome para que os voluntários não fiquem tentados a assistir antes, pegando DVD ou baixando no computador. “Algumas pessoas perguntaram sobre o teor do filme e posso afirmar que se trata de é um filme família, só não estou divulgando o nome para não perder o elemento surpresa”, afirma. “A proposta do documentário é mostrar como um mesmo filme tem repercussão diferente dependendo de onde, como e quando ele é assistido”, reforça.Segundo Capelatto, até o momento, 35 pessoas se inscreveram pelo site e pelo Facebook. “As gravações, exceto as exibições on-line, serão todas feitas em Campinas.”