PAULO EMILIANO

Do pó à santidade

03/11/2020 às 08:58.
Atualizado em 27/03/2022 às 18:21

Novembro apresenta-se como o mês dos defuntos e de todos os Santos, além de ser o prelúdio do Natal em tempos de pandemia. Há muita vida, e também motivos diversos para se crer na força da vida, e do bem. Já adiantou o papa Francisco, na sua belíssima Encíclica “Fratelli tutti”, a necessidade e a alegria de estarmos juntos, como irmãos, nessa jornada que a todos contempla, dentro da fraternidade e amizade social. “E o pó volta à terra como era, e o sopro de vida volta a Deus que o deu” (Ecl.12, 7). Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança. A vida nos é dada como a manifestação do amor divino ao ser humano, chamado a contribuir na obra da Criação. O Dia de Finados é o Dia da Igreja padecente, que será a Igreja triunfante, do céu, para onde se vai pelo juízo que é somente de Deus. Lembrar de nossa finitude, ir aos cemitérios, rezar pelos mortos; tudo é a certeza de que Deus nos consola, e que esse é o destino dos que creem que “a vida não é tirada e sim transformada” (cf. Missal Romano pg. 462 – Prefácio dos Fiéis Defuntos I). É voltarmos às lembranças que não reconhecem seu lugar, mas que se fazem presentes no belo movimento do viver a cada dia. Os santos são os que perceberam que a peregrinação sobre a terra teria sentido, pelo seguimento do Cristo morto e ressuscitado. Entenderam a Palavra que diz: “pois esta é a vontade do meu Pai: que toda a pessoa que vê o Filho e n’Ele crê, tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo.6, 40). Ressuscitar não é reencarnar, é entrar na vida de Deus, que supera tempo, espaço, e que vai durar eternamente. É estar com Ele, é voltar ao lugar de onde viemos (cf. ICor.2, 9) Para a santidade não existe idade. O beato Carlo Acutis, beatificado no dia 10 de outubro deste ano, com apenas 15 anos de idade, demonstra ao mundo o amor a Deus, a partir dos pobres, dos gestos simples de acolhida e diálogo com todos; e acima de tudo, demonstra-nos o propagar o bem através das redes sociais, para fazer o Evangelho conhecido e praticado. Unir-se aos sofrimentos e à glória de Jesus, foi algo que ele quis fazer durante toda sua vida, mesmo acometido de uma leucemia que o fez voltar à casa do Pai. Ele conseguia ver Jesus eucarístico nos refugiados, nos jovens, crianças, adultos e idosos que com ele conviveram, na Itália. Os santos demonstram que todos somos de Deus, que cada pessoa possui algo que vem do Senhor, pelo Seu amor e desejo de nos salvar. Ao lembrar com saudade os que partiram para Deus, verifica-se nitidamente que possuem mais virtudes que pecados. O presente é sempre a melhor ocasião para manifestar os afetos, o perdão, o cuidado, o arrependimento. Caso contrário, o remorso, a dor da saudade podem ser maiores que a fé. Somente a Fé faz superar o luto, faz transformar as lágrimas em gotas de esperança, no campo escuro das estrelas que esperam ver o novo Sol, que é Cristo. Diante dos mistérios da vida e da morte nos calamos, porém seguimos. O aprendizado pelo riso e pela dor vão adoçando a aventura do recomeço, que termina ou começa, de maneira celestial, n’Aquele que quer receber a todos. “Quando, enfim, Jesus vier em glória, e ao lar celeste então me transportar; Te adorarei, prostrado e, para sempre, quão grande és Tu, meu Deus, hei de cantar” (D.R) Padre Paulo Emiliano, Arquidiocese de Campinas.

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