ZEZA AMARAL

Do lulopetismo ao lulobbysmo

Zeza Amaral
igpaulista@rac.com.br
28/03/2013 às 05:04.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:43

ig-zeza-amaral (AAN)

Muita gente se surpreendeu — e com razão — com o tamanho da comitiva que a presidente Dilma Rousseff levou para Roma, e que nos custou cerca de R$ 500 mil, embora tivesse à sua disposição uma das embaixadas mais confortáveis e bonitas que o País mantém na Europa. Bem que o papa pediu para que os fiéis estrangeiros não fossem visitá-lo e doassem o dinheiro da viagem para alguma instituição de caridade, mas Dilma só é fiel ao ‘lulopetismo’ e não ia perder a oportunidade de sair bem na foto e cabalar a simpatia dos católicos brasileiros; e é bom lembrar que dias antes ela anunciara a desoneração de produtos da cesta básica e um programa para subsidiar nordestinos que perderam suas criações na seca que assola aquela região: a bolsa do bode.

Dias depois, institutos de pesquisa foram às ruas e apuraram que a popularidade da presidente Dilma cresceu ainda mais. Tudo muito óbvio e simples: a campanha de 2014 já começou.

E enquanto o ‘lulopetismo’ continua vivo e atuante através das bem tratadas mãos presidenciais, o ex-presidente Lula acaba de inaugurar uma nova era na consultoria brasileira: a do ‘lulobbysmo’. Finalmente, o ex-presidente Lula rasga a fantasia ideológica com a qual levou o seu partido ao poder e deixa claro o que sempre o inspirou: ganhar dinheiro intermediando negócios de três grandes construtoras, Odebrecht, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, todas elas com histórico de doações milionárias a campanhas eleitorais petistas, avaliado em cerca de R$ 35 milhões.

Assim, enquanto a Corte da Dilma partia para terras do Vaticano, Lula foi à África como palestrante internacional e financiado pelo capital privado de empresas que possuem contratos com o governo brasileiro. Ficou por lá seis dias fazendo contatos com os mandatários de Gana, Benin, Nigéria e Guiné Equatorial e nada disso me interessaria se tais empresas não fossem doadoras de campanhas petistas e, o que é ainda pior, se as nossas embaixadas nos países visitados não tivessem dado apoio logístico (assessoria de diplomatas, alimentação e despesas várias com material para a comitiva) a um ex-presidente que, é claro, não tem mais direitos do que qualquer turista. Aliás, isso já vem acontecendo desde meados de 2011, quando o nosso ‘lulobbysta’ viajou para a Bolívia, Costa Rica e El Salvador, onde faturou cerca de um milhão de reais pelas três palestras proferidas. Ou seja, dinheiro ele ganha o suficiente para fazer seus deslocamentos sem precisar avançar nos nossos bolsos.

Interpelada a respeito, a presidente Dilma não viu nada demais no ‘lulobbysmo’, considerando que se trata de uma questão privada, assim como o então presidente Lula não viu nada demais nas “consultorias” particulares que o seu íntimo amigo, o agora condenado José Dirceu, ainda hoje pratica sem a menor cerimônia, entrando e saindo do Planalto quando quer e como quer. E como ninguém interpela o “ex-presidente facilitador de negócios”, jamais saberemos se a sua íntima assessora, Rose Noronha, continua com assento preferencial nas viagens de negócio e, é claro, dando consultoria personalizada ao mais novo ‘lulobbysta’ do País.

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