Como o emblema dos clubes de futebol, o símbolo de cada candidato nas campanhas eleitorais era chamado distintivo, espetado num alfinete e exibido na lapela do paletó, na gola ou no bolso da camisa; às vezes, em forma de broche, para elas.Se o tempo não apagou, ficam na lembrança a andorinha do seo Miguel Cury, que ganhou do estilingue do Antônio Leite Carvalhaes para a Prefeitura. Esse excelente professor só podia perder aquela eleição, mesmo com apoio do legendário Ruy Novaes, seu padrinho. Onde já se viu usar um estilingue para matar a andorinha na terra das andorinhas? Faltou marqueteiro, embora o mais famoso, Duda Mendonça, criasse galos de briga. O repórter Renato Otranto jura que Campinas teve um prefeito chegado às rinhas, quando já eram proibidas pelo então governador Jânio Quadros. Este, eterno marqueteiro de si mesmo, aceitou a sugestão de um gênio da comunicação, Brancato Junior, e adotou a vassoura. Enquanto deu, varreu quase todos os adversários. Fernando Henrique que o diga.Com a mania do brasileiro de torcer para o mais fraco, quem escolhe um símbolo de ‘mais forte’ arrisca. Adhemar de Barros usava um trevo, até que, em 1958, aproveitou o sobrenome Pinto, do adversário Carvalho, e foi à briga, usando um galo. Perdeu. Nessa disputa, o depois senador Auro Moura Andrade escolheu uma peneira (para separar o joio do trigo) e seu vice na chapa, o radialista Pedro Geraldo Costa, sua inseparável pedra: “Pedro no governo, pedra no buraco”.Naquela eleição em Campinas, enquanto seo Miguel e mestre Carvalhaes lideravam as “prévias”, como se dizia, outro candidato, Luís Signorelli, apelou para a alma do eleitor e preferiu um coração vermelhinho. Não deu. Mais: ninguém ousava chamar o distintivo de escudo. Não por ser a primeira denominação da identidade dos clubes de futebol. É que não caia (nem cheirava) bem referir-se ao “escudo fulano”, “escudo sicrano”, “escudo da beltrana”... A moeda de Portugal se chamava escudo e era uma gozação dizer “escudo português”. Mas o nome só mudou quando a santa terrinha entrou na “Zona do Euro”. E a brincadeira continua: “Quem é a cafetina da Zona do Euro?”. Veja lá o que vai responder, porque há os que adoram aquele tanque.Já na eleição seguinte, não me lembro se os candidatos campineiros usaram distintivos: Alfredo Gomes Júlio, Eder Leme, Romeu Santini, Quércia... O dr. Alfredo, apoiado por Ruy Novaes, poderia usar um brochinho com o retrato do teatro municipal ou da igreja do Rosário demolidos. O Romeu, jornalista, uma pena das canetas de pau, lembra? Quércia usou símbolo já na era das logomarcas e adotou um sol, “para brilhar no Senado”.O quê!? Não, não me lembro de nenhum candidato que usasse trilhos de bondes. Naquela eleição, a cidade nem tinha bondes... Mas os trilhos sumiram, depois. Pregado no poste: “Como sempre, o povo será o único derrotado”