EDITORIAL

Discrepância entre o lixo e crescimento

02/06/2013 às 05:15.
Atualizado em 25/04/2022 às 13:47

Todo projeto de desenvolvimento saudável e sustentável depende da correta avaliação das possibilidades disponíveis e da aplicação de todas as ferramentas possíveis para que todas as exigências sejam cumpridas, sob pena de comprometer objetivos e distanciar as metas planejadas.

O crescimento das cidades implica em uma série de responsabilidades que exigem competência, investimentos, correta aplicação dos recursos e legalidade. Além do mais, a constância é o que fará a diferença ao longo dos anos e das administrações e governos. Os encargos deixados para os sucessores no setor público serão cobrados brevemente pela necessidade e pelos gargalos criados pela inobservância de prazos e urgências.

O caso da destinação de lixo é emblemática. Os números que mostram o adensamento demográfico são eloquentes e, ainda assim, a grande maioria dos administradores se deparam com uma situação crítica e urgente, difícil mesmo de ser superada. Nas duas últimas décadas, o volume de lixo produzido em Campinas cresceu mais que a população. Enquanto o número de habitantes aumentou 25,3%, o volume de material recolhido superou 74%. O disparate se justifica pela radical mudança de hábitos da população, o privilegiamento embalagens descartáveis para a maioria dos produtos, a elevação do padrão de consumo e a absoluta falta de uma política eficiente de reciclagem de materiais.

Daí decorre o impasse em relação aos aterros sanitários, sobrecarregados e passíveis de intermináveis negociações para o prolongamento de sua vida útil. Enquanto isto, soluções definitivas permanecem na agenda de prioridades, mas sem recursos para sua consecução. Em todos os esforços em busca da sustentabilidade ambiental, a questão do lixo assume importância vital, exigindo empenho na obtenção de verbas e desenvolvimento de programas sérios e rentáveis.

Meras cooperativas de coleta e reciclagem encontram obstáculos para se viabilizarem, não dispondo sequer de um sistema mínimo de captação e destinação. Faltam apoio, consciência popular e uma diretriz que acompanhe todo o processo. Enquanto as iniciativas tentarem a auto sustentação, esbarrarão nas dificuldades inerentes de não existir um obrigatório programa de integração. Cabe ao poder público estabelecer os elos dessa corrente, dar suporte às iniciativas e buscar junto à iniciativa privada a parceria para um negócio de alta abrangência ambiental e economicamente rentável.

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